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A Presidência da República usou uma lista de transmissão oficial no WhatsApp de comunicação com a imprensa para divulgar, nesta quinta (29), uma live da primeira-dama Janja Lula da Silva transmitida no perfil pessoal dela no final da tarde.
O canal de comunicação é usado normalmente apenas para informar à imprensa sobre a agenda oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e comunicados do governo.
Os “avisos” foram enviados aos jornalistas em dois horários: às 12h37 e às 18h12, quando a live já estava no ar. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) disse que o uso foi um “equívoco” e que a prática “não vai se repetir”.
“Pessoal, passando pra avisar que hoje 18h (sic) teremos mais uma live do Papo de Respeito com uma convidada super especial: Nath Finanças. O assunto é mega importante: o endividamento dos brasileiros e o programa Desenrola Brasil, que vai beneficiar 70 milhões de brasileiros”, disse uma das mensagens. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, também participou de parte da live.
O “Papo de Respeito” desta semana foi a segunda edição de um programa criado por Janja para as redes sociais em março, utilizando a estrutura da TV Brasil, veículo público de comunicação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Na época, a transmissão gerou críticas e foi parar na Justiça, que determinou explicações pelo uso de um canal oficial.
A TV Brasil disse, sobre a live de março, que apenas “cumpriu o contrato de prestação de serviços firmado com a Secretaria de Comunicação Social (Secom), que prevê transmissões ao vivo a partir de demanda definida”. A empresa afirmou, ainda, que a primeira-dama não é apresentadora de nenhum programa da emissora.
A Secom não se pronunciou na ocasião, e foi procurada agora pelo uso da lista de transmissão oficial no WhatsApp para divulgar a live desta semana.
“Este canal de WhatsApp é um grupo de relacionamento e divulgação para jornalistas que já existia na transição. Na comunidade são compartilhadas diversas informações e materiais, inclusive links de entrevistas que também acontecem em canais não oficiais. De qualquer forma foi um equívoco e a prática não vai se repetir”, disse a Secom em nota à Gazeta do Povo.