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Sergio Tavares
O jornalista português Sérgio Tavares, que teve o passaporte retido pela PF no aeroporto.| Foto: reprodução/X Sérgio Tavares

O jornalista e ativista português Sergio Tavares, que foi detido por quatro horas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no último domingo (25), disse nesta quinta (29) que vai acionar a Polícia Federal brasileira no Tribunal Penal Internacional (TPI). Ele foi interrogado ao chegar no Brasil para acompanhar o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista no último final de semana.

Tavares afirma que a Polícia Federal “mentiu” na alegação que fez de que o deteve pela falta do visto de trabalho para acompanhar e produzir conteúdos sobre a manifestação, afirmando que o inquérito da própria autoridade prova a contradição. De acordo com ele, as citações no texto esclarecem que ele foi questionado sobre questões políticas, e não sobre os trâmites migratórios.

“Durante o meu interrogatório, em nenhuma situação foi referida a questão do visto. Tudo o que me foi feito foram questões sobre política, [como] 8 de janeiro, ditadura do Judiciário, Flávio Dino, Alexandre de Moraes, etc”, afirmou em um vídeo publicado nas redes sociais (veja na íntegra).

Sergio Tavares afirma que tentaram prendê-lo “por crimes de opinião”, citando por exemplo um trecho que diz que “questionado sobre sua afirmação de que o Brasil vive uma ditadura do Judiciário, ficou em silêncio”. Em outro trecho, o inquérito registra que “quando questionado que a urna eletrônica não é confiável, ficou em silêncio”, e “questionado sobre sua afirmação de que o Brasil é chefiado por um criminoso, ficou em silêncio”, entre outros.

O interrogatório sobre questões políticas, diz o jornalista, não corresponde à afirmação da Polícia Federal de que era um procedimento padrão por conta da falta de visto de trabalho. Tavares ainda comentou sobre uma resolução do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal que cita que “cidadãos na União Europeia que viajem ao Brasil para exercer atividade jornalística estão isentos de visto para estadas de até 90 dias, desde que a atividade não seja remunerada por fonte brasileira”.

“Acham que isto [a detenção] é para conferir se eu tinha visto? Porque é que lhes preocupa tanto que um cidadão europeu aborde estes assuntos? E porque é que mentiram? Porque me detiveram? Porque me interrogaram? Porque eu os incomodo assim tanto”, questionou Serio Tavares no vídeo afirmando que irá levar o caso ao TPI e ao Tribunal dos Direitos Humanos.

Em entrevista à Gazeta do Povo nesta quarta (28), o jornalista afirmou que o delegado que o deteve no aeroporto paulista teria se lamentado de ter que interroga-lo, mas que recebeu instruções “de Brasília” para questioná-lo sobre questões políticas.

Sergio Tavares disse, ainda, que recebeu uma ligação de Bolsonaro enquanto aguardava liberação na imigração, pedindo-lhe que mantivesse a calma.

“Tenho um documento em mãos da PF brasileira que prova que mentiram e que a detenção foi ilegal, injusta e isso vai ter que ter consequências. [...] Foram tão amadores a ponto de me dar a prova documental dessa mentira”, completou.

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