Ministro vai pedir investigação contra jornalistas que sugeriram suicídio de Bolsonaro

O ministro da Justiça, André Mendonça, anunciou neste domingo (10) que vai pedir a abertura de investigação criminal contra dois jornalistas que sugeriram que o presidente Jair Bolsonaro se suicide.

O jornalista e escritor Ruy Castro, em texto publicado neste domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, disse que a melhor saída neste momento para o presidente dos EUA, Donald Trump, é se matar. E sugeriu que Bolsonaro faça o mesmo.

O também jornalista Ricardo Noblat, na sua conta do Twitter, republicou o texto de Ruy Castro. A seguinte frase, do texto de Ruy Castro, estava em destaque no tuíte de Noblat: "Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais".

Posteriormente, ao ser questionado por seguidores se estaria desejando a morte de Bolsonaro, Noblat disse que nunca faria isso. E que apenas costuma reproduzir textos de outros jornalistas. O tuíte original de Noblat, contudo, foi apagado. A informação é que o próprio Twitter excluiu o conteúdo por violação das regras de uso da rede social.

A revista Veja, na qual Noblat é blogueiro, também publicou uma nota no Twitter repudiando a atitude de seu jornalista.

Já Ruy Castro não voltou atrás em suas declarações. Questionado sobre seu artigo, afirmou: "Foi só uma sugestão para Trump e Bolsonaro. Eles não precisam aceitar. E todos vamos morrer um dia, não? Além disso, não sou coveiro".

Não foi a primeira vez que um jornalista desejou a morte de Bolsonaro publicamente. Em julho de 2020, Helio Schwartsman publicou um texto, também na Folha de S.Paulo, intitulado "Por que torço para que Bolsonaro morra".

Ministro diz que jornalistas podem ser enquadrados no Código Penal

O ministro da Justiça, André Mendonça justificou o pedido de abertura de investigação contra Ruy Castro e Ricardo Noblat: "Apenas pessoas irresponsáveis cometem esse crime contra chefes de Estado de duas grandes nações. Fazê-lo é um desrespeito à pessoa humana, à nação e ao povo de ambos os países".

Mendonça afirmou ainda que os dois jornalistas podem ser enquadrados no artigo 122 do Código Penal, que considera crime induzir ou instigar alguém a cometer suicídio ou se automutilar. A pena prevista é de seis meses a 2 anos de prisão, podendo ser dobrada se quem instigou ao suicídio fez isso por meio de redes sociais.

Bolsonaro já torceu pela morte de FHC e Dilma

Em meio à polêmica causada pelas publicações de Ruy Castro e Ricardo Noblat, internautas também lembraram que o próprio Bolsonaro desejou a morte dos presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) em diferentes ocasiões. Além disso, antes de ser presidente, Bolsonaro falou em "fuzilar a petralhada" durante um discurso.