Ex-ministro aliado de Lula diz que foi condenado por ser chefe do mensalão sem se provar que realmente aconteceu.| Foto: Joedson Alves/EFE
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O ex-ministro e aliado histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Dirceu (PT), diz que a sua condenação no escândalo do mensalão foi a “primeira grande fake news do Brasil”. Ele foi preso em 2013 por ser considerado um dos líderes do esquema de compra de apoio parlamentar para projetos do governo no Congresso Nacional entre 2003 e 2004.

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No entanto, em 2016, Dirceu teve a pena de 7 anos e 11 meses anulada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Dirceu argumenta que a prisão foi uma manobra para afastá-lo do cenário político em um momento em que ele poderia se tornar um sucessor natural do de Lula. Ele comparou a própria situação à do ex-deputado Roberto Jefferson.

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“Eu disse, e alguns me criticaram por dizer, que até por justiça, eu mereço voltar ao Congresso Nacional. Eu fui cassado por ter sido chefe do mensalão. O Roberto Jefferson foi cassado porque não provou o que era o mensalão. E o Supremo me absolveu de formação de quadrilha. Então basta ver quem é o Roberto Jefferson hoje e quem sou eu. A primeira grande fake news no Brasil foi o mensalão. Não o caixa-dois na campanha eleitoral, mas a história de que existiu o mensalão e que eu era o responsável”, disse Dirceu em entrevista à Band neste final de semana.

A Segunda Turma do STF também extinguiu em maio deste ano uma segunda pena imposta a Dirceu por corrupção passiva no âmbito da Operação Lava-Jato, devido à prescrição. Essas decisões abriram caminho para a possibilidade de Dirceu voltar a disputar eleições em 2026, uma opção que ele está considerando.

Contudo, para recuperar plenamente a elegibilidade, Dirceu ainda precisa superar outra condenação da Lava-Jato, que tem recurso pendente de análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Nos autos do Supremo não há como não há prova nenhuma que eu era responsável por nada. Quer dizer, eu fui condenado porque eu deveria saber. Eu tinha que saber. Aquilo foi uma condenação política para me tirar da vida política nacional”, pontuou.

José Dirceu também elogiou a articulação política do presidente Lula com o Congresso Nacional, apesar das dificuldades enfrentadas. Este é o ponto mais sensível do terceiro governo do petista, que fez alianças com partidos do centrão com filiados resistentes a votarem com o governo.

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“Eu não vejo erro de articulação. Formar maioria numa Câmara como essa levou que o PP e o PR [Republicanos] passassem a ser base do governo. Se eu falasse isso dois anos atrás, iam dizer que o Dirceu enlouqueceu. Mas é a realidade do país. É muito difícil fazer articulação política, pois as pautas geram divergência, porque no Brasil mudou o ponto de vista dos partidos políticos”, analisou o ex-ministro.

Ele emendou e afirmou que “se nós separarmos 90 deputados do PL e 130 da centro-esquerda, tem 300 votos na Câmara, de certa forma liderados pelo Arthur Lira. Então, o governo em minoria no Congresso tem dificuldade de implementar sua agenda. Com o presidencialismo brasileiro, que passa a ter um Congresso com um poder a partir das emendas impositivas, e um quadro partidário e um sistema político eleitoral é impraticável”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]