O ex-ministro José Dirceu, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado pela Justiça e voz influente no PT, reuniu políticos e ministros para comemorar o aniversário de 78 anos na noite desta quarta (13) em uma mansão no Lago Sul, área nobre em Brasília. A festa teve a presença de ministros, aliados na Câmara e no Senado e integrantes do governo.
Informações de bastidores apontam que a festa teve mais de 400 convidados e antecipou a comemoração do aniversário de Dirceu, oficialmente no próximo sábado (16).
O petista, que já foi condenado pela Justiça por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no âmbito das investigações do Mensalão e da Operação Lava Jato, aproveitou a festa para disparar contra os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o desenvolvimento do país foi “interrompido pelos seis anos” dos dois mandatários após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Para ele, a eleição de Lula marcou a “retomada” de um “ciclo histórico” de desenvolvimento do país, mas que é preciso criar “condições” para fazer o Brasil voltar a crescer.
“Vocês sabem quais são as condições. Nós não chegamos no governo com maioria no Parlamento. Nós não chegamos no governo com maioria no país. Nós chegamos no governo pelas circunstâncias históricas do bolsonarismo, que possibilitou a criação de uma aliança de frente ampla, o que levou à vitória do Lula”, disse em registro do site Poder 360.
Dirceu afirmou que o Brasil vive problemas “estruturais” e que espera pela reeleição de Lula em 2026. Entre esses problemas, diz, estão a falta de uma independência tecnológica e industrial. “É o nosso caso, como é que pode pensar em um projeto de desenvolvimento nacional”, questionou.
“Se olharmos bem para o Brasil, nós temos duas condições que poucos países têm, que é a soberania de alimentos e a climática, energética. Mas não temos a tecnológica. Se o Brasil não supera a questão da tecnologia, da educação, da industrialização do país, o Brasil vai ser sempre dependente”, disse citando questões como chips, fertilizantes, agrotóxicos, produtos químicos e farmacêuticos, máquinas e equipamentos.
José Dirceu afirmou que o Brasil, por conta dessa falta de soberania nestes segmentos, simplesmente poderia “parar” caso ocorra uma guerra que impeça importações. É uma crítica semelhante à feita por Lula na quarta (13), em que criticou a falta de indústrias de fertilizantes, por exemplo.
Entre os convidados que estiveram presentes na festa, estão o vice-presidente Geraldo Alckmin; os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda) e José Múcio (Defesa); o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates; o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA); e os deputados Elmar Nascimento (União-BA), Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente nacional do partido, o mesmo a que é filiado o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de São Paulo.
José Dirceu foi condenado inicialmente pelo Supremo Tribunal Federal em outubro de 2012 por corrupção ativa nas investigações do Mensalão. Dois anos depois, o ministro Luís Roberto Barroso permitiu a progressão para cumprir o restante da pena em casa.
No entanto, em 2015, foi preso na 17ª fase da Lava Jato e alvo de outras condenações e liberações pela Justiça até 2019, quando deixou a prisão. Desde então, Dirceu vem retornando à política nacional.
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