O ex-ministro e ex-deputado federal José Dirceu, petista histórico que passou quase dois anos preso por envolvimento no esquema do Mensalão, discursou na tribuna do Congresso Nacional na manhã desta terça (2) em uma sessão solene do Senado em alusão aos 60 anos do início do período da Ditadura, em 1964.
Dirceu foi convidado pelo líder do governo na casa, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), para participar da sessão que contou, ainda, com a presença da viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Goulart, e do senador Humberto Costa (PT-CE). Essa foi a primeira vez em 19 anos que o político retornou ao Legislativo após a cassação e condenação.
“Quase não aceitei [o convite], porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, disse no discurso.
Pouco antes, ao ser apresentado no plenário, Randolfe exaltou a presença de José Dirceu, a quem classificou como um dos responsáveis por sua formação política “dos melhores momentos do Partido dos Trabalhadores”.
“Meu querido José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-deputado federal, militante político da resistência à ditadura entre os anos de 1960 e 1970. Zé é uma honra, para nós, ter você conosco”, afirmou Randolfe Rodrigues.
José Dirceu ainda exaltou João Goulart e afirmou que o “golpe de 64” não teve apoio popular e que foi o que foi por ter perdido as eleições. “Perdendo as eleições, acabou com as eleições e com os partidos, impôs a censura e a repressão”, completou.
O aliado histórico de Lula foi ministro da Casa Civil no primeiro mandato do petista, mas acabou envolvido no esquema de compra de votos de deputados para aprovarem projetos de interesse do Poder Executivo. José Dirceu foi apontado como um dos mentores da corrupção e quase custou o mandato do presidente naquele ano.
No entanto, Dirceu vem se movimentando desde o ano passado para retornar à cena política nacional em paralelo com o próprio PT, que tenta reabilitá-lo publicamente.
Para Lula, o ex-ministro é um “agente político e não deve ser penalizado para sempre”. “Ninguém pode ser penalizado a vida inteira. Ninguém pode ser na política criminalizado de forma perpétua. O José Dirceu é um agente político, um militante político, da maior qualidade. Ele está voltando a participar dos eventos do PT”, disse durante uma entrevista à CNN Brasil.
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