O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), criticou o discurso de parte da esquerda, que é contrária à ampliação de alianças do governo com partidos do Centrão, como o PP e o Republicanos. Ele defendeu que a entrada das legendas deve contribuir para melhorar a relação da gestão petista com o Congresso. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
"Tem algumas vozes do além que preferem a derrota e o isolamento, porque isso tem muito na esquerda, preferem a derrota para poder fazer o proselitismo ideológico. Quem governa tem que ter base institucional", disse Guimarães. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
As críticas a setores da esquerda vieram ao comentar a participação do presidente Arthur Lira (PP-AL) e do Centrão na aprovação das pautas de interesse do governo no primeiro semestre.
"A participação do presidente Lira foi fundamental. Tem algumas vozes do além que preferem a derrota e o isolamento, porque isso tem muito na esquerda, preferem a derrota para poder fazer o proselitismo ideológico. Quem governa tem que ter base institucional, e uma boa liderança é aquela que consegue dialogar, em primeiro lugar, com o presidente da Casa e, em segundo lugar, com o conjunto da Casa", disse Guimarães.
Segundo ele, Arthur Lira tem sido muito "solidário" com o governo. "Ele representa outra força política, não é do PT, mas sabemos que ninguém governa bem e ninguém exerce uma liderança se não houver diálogo permanente", pontuou.
PP e Republicanos com entrada consolidada
Na terça-feira (18), Guimarães admitiu que que a entrada dos partidos do PP e Republicanos no governo “está consolidada”.
“A tese de incorporar esses partidos no governo já está consolidada. Igualmente esses nomes que surgiram na imprensa, que foram as indicações dos partidos, porém, o presidente não bateu o martelo. Não deliberou nada, qual o tamanho, para onde, nem nada”, afirmou.
Guimarães fazia referência a André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que se reuniram com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no mesmo dia. Nos bastidores, a entrada dos dois é vista como afago ao Congresso para a aprovação do voto de qualidade do governo no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).
Guimarães defende liberação de emendas
Na mesma entrevista, o líder do governo também comentou que, dentro da negociação entre governo e Legislativo, “não é ilegítima a posição de negociar emendas”. A declaração marca uma mudança de posicionamento no petismo, que, antes oposição, criticava o governo Bolsonaro pela liberação de emendas em votações importantes.
“As emendas estão na lei orçamentária e na Constituição. Não vejo nenhuma ilegalidade ou nenhuma coisa feia nisso. A mesma coisa é sobre a participação no governo. Qual é o partido que não negocia? Se o partido apoia o governo, dá voto para o governo, qual é o problema de negociar cargo?”, disse.
Ele ainda alegou que a liberação de emendas não se trata de barganha entre os Poderes da República. “Isso não tem que ser visto como uma coisa ruim e tem que ser feito de forma transparente, como estamos fazendo agora. Não estamos fazendo nada de barganha, porque representamos um governo de frente ampla e esses partidos, para além do campo da esquerda, podem ajudar e ajudaram muito a construção dessa nova governabilidade”, afirmou o deputado à Folha.
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