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Perseguição judicial

Jurista diz que impeachment de Moraes pode ser pedido no Senado por quebra de decoro

Alexandre de Moraes
Andre Marsiglia afirma que Senado pode abrir pedido mesmo sem ter toda comprovação material contra Moraes. (Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

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O jurista Andre Marsiglia, especializado em liberdade de expressão e censura, afirmou nesta quarta (14) que o Senado tem permissão constitucional para pedir um processo de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sem ter uma comprovação material, e sim de livre convencimento.

A justificativa ocorre um dia depois de uma apuração da Folha de São Paulo mostrar que o gabinete do ministro teria solicitado informalmente à Justiça Eleitoral a produção de relatórios para subsidiar suas decisões contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como no inquérito das fake news que tramita no STF.

A revelação levou a uma avalanche de críticas à atuação de Moraes, entre elas a pressão de senadores para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), abra um processo de impeachment contra o magistrado.

Marsiglia explica que, de acordo com a Constituição, ministros do STF podem ser alvos de processos de impeachment por quebra de decoro de suas funções.

“Haveria, em tese, quebra de decoro e decisão tomada em caso de que o ministro é suspeito, demonstrando interesse no resultado, ao direcionar investigação”, disse o jurista nas redes sociais.

A garantia constitucional está no artigo 39, que aponta que “são crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal” o ato de “proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decôro de suas funções”.

De acordo com a apuração, Moraes teria investigado apoiadores de Bolsonaro e comentaristas políticos de direita com base em relatórios obtidos informalmente junto à Justiça Eleitoral. Essas ações estariam ligadas ao inquérito das fake news, tanto durante quanto após as eleições de 2022.

Para o senador Marcos Rogério (PL-RO), líder da oposição no Senado, a atuação de Moraes fora dos ritos processuais é grave e evidencia ilegalidades.

“São graves as denúncias sobre o uso do TSE fora do rito para investigar bolsonaristas. A produção de dossiês para embasar decisões do STF no inquérito das fake news evidencia ilegalidades, abuso de autoridade e desrespeito ao devido processo legal. Ninguém está acima da lei”, disparou.

A fala é semelhante a de outros senadores que pressionam pela abertura de um processo de impeachment no Senado.

Além do impedimento do ministro, o partido Novo apresentou uma notícia-crime à Produradoria-Geral da República (PGR) contra Moraes por falsidade ideológica e formação de quadrilha. “Trata-se de inserção de informação falsa para alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, diz um trecho da petição.

Conforme informações apuradas pela Folha de S. Paulo, o setor de combate à desinformação do TSE teria atuado como uma espécie de braço investigativo do gabinete de Moraes. O magistrado teria utilizado os relatórios produzidos pela Corte eleitoral para embasar o inquérito das fake news no STF, independentemente da relação direta com as eleições presidenciais.

A publicação revela que a Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre assessores de Moraes, incluindo conversas entre o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, então perito criminal responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE.

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