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Gustavo Marques Gaspar, sócio do haras onde o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), cria seus cavalos, emplacou cargo de confiança no Senado, com salário de ao menos R$ 17 mil. Apesar da remuneração polpuda, reportagem publicada nesta segunda-feira (6) no jornal O Estado de São Paulo, afirma que funcionários do gabinete onde ele deveria estar lotado não o conheciam, levantando suspeitas de se tratar de um "funcionário fantasma". Após a reportagem do jornal paulista tentar contato, Gaspar foi realocado para outro gabinete no Senado.
Esta é mais uma explicação que Juscelino Filho terá que dar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando os dois se encontrarem no Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira (6). O ministro é suspeito de uso irregular de voos da Força Aérea Brasileira (FAB) e de diárias pagas pela União para compromissos pessoais em meio à agenda oficial do governo. Lula vem sendo pressionado para se posicionar sobre as denúncias reveladas na semana passada.
Gaspar é sócio de Luanna Rezende (DEM), irmã de Juscelino Filho, no Haras e Parque Luanna, na cidade de Vitorino Freire (MA), segundo plataformas agregadoras de dados de CNPJ (veja aqui e aqui). Além de proprietária do Haras, Luanna é prefeita de Vitorino Freire, cidade para onde Juscelino teria encaminhado R$ 5 milhões em verbas das emendas de relator, em 2020, para pavimentar uma estrada de 19 quilômetros de extensão que passa por propriedades suas e de familiares.
Atualmente, Gaspar ocupa o cargo de Assistente Parlamentar Sênior na Segunda Secretaria do Senado, com um salário-base de R$ 18,2 mil (veja aqui), mas antes estava lotado no gabinete da liderança do PDT.
O registro do cargo no Portal da Transparência não está mais disponível para consulta, mas o Estadão reproduziu a imagem de uma consulta no portal que comprovaria a antiga lotação de Gaspar (veja aqui). O empresário teria ocupado o cargo até a reportagem do jornal verificar pessoalmente, em contato com servidores, que ele não dava expediente no local – foi realocado para a Segunda Secretaria na última quinta-feira (2).
O Estadão apurou, no entanto, que Gaspar não era conhecido entre servidores da Segunda Secretaria e do gabinete do PDT. Duas pessoas que trabalham na entrada da Segunda secretaria disseram não conhecê-lo, e um terceiro afirmou que o empresário está lotado ali, mas sem saber em quais dias e horários.
Este terceiro servidor, diz o jornal, seria ligado politicamente ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), que comanda a Secretaria. O parlamentar teria recebido Gaspar após o Estadão descobrir que ele ocupava um cargo no gabinete da liderança do PDT no Senado, sem dar expediente.
Ainda segundo o Estadão, Weverton Rocha é compadre do ministro e teria sido um dos apoiadores de sua indicação ao ministério das Comunicações ao lado do colega Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mesmo partido de Juscelino.
Senador Weverton diz que Gaspar trabalha com ele
O senador Weverton disse que Gaspar “trabalha efetivamente comigo desde que fui líder do PDT no Senado. Assim como a maioria dos assessores, ele transita pelo Senado, não permanecendo necessariamente na sala”, disse. O parlamentar ainda minimizou o fato dos servidores da Segunda Secretaria não conhecerem o assessor, já que trabalhavam na Quarta Secretaria antes de serem realocados nesta.
O gabinete do PDT no Senado também informou ao Estadão que, por uma "falha", Gaspar continuou lotado no gabinete do partido, embora já atuasse na Segunda Secretaria.
Gaspar e Juscelino não se manifestaram sobre a reportagem. Em uma postagem no Twitter no fim de semana, Juscelino disse que está “comprometido” em esclarecer as denúncias na reunião que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta segunda (6).
“Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as denúncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado. Também agradeço a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade”, disse.
Caso Juscelino respingou na relação de Lula com o União Brasil
As denúncias contra Juscelino Filho respingaram na relação do presidente com o União Brasil, que embarcou parcialmente no novo governo. No entanto, o ministro entrou na mira de petistas após as denúncias. Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, disse que o ministro deveria "pedir um afastamento para se explicar", o que gerou uma crise com Lula.
Em uma nota enviada à Gazeta do Povo neste domingo (5), os líderes do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento, e no Senado, Efraim Filho, repudiaram a fala de Gleisi e disseram que a presidente nacional do partido utiliza "dois pesos e duas medidas".
“Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos. Será que a presidente Gleisi fará a mesma declaração caso um integrante do seu partido seja alvo de ataques", questionam.