Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para ocupar uma vaga no STF.| Foto: Divulgação
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O Palácio do Planalto minimizou o fato de o desembargador Kassio Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ter citado em seu currículo a realização de cursos de pós-graduação não confirmados por duas universidades estrangeiras. Segundo interlocutores de Bolsonaro, isso não fará o presidente mudar a indicação. No Senado, as falhas no currículo dele também não foram vistas como um fato grave.

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Interlocutores de Bolsonaro dizem que Marques não foi escolhido por ter ou não esse curso no currículo. Mas sim por uma articulação de Bolsonaro com líderes do Centrão e de diversas forças políticas. Por isso, a inconsistência no currículo de Kassio Nunes Marques não foi vista pelo Planalto como um empecilho para que sua indicação seja retirada.

Os cursos de pós-graduação não confirmados que constam do currículo de Marques são da Universidad de La Coruña, na Espanha, e da Universidade de Messina, na Itália. A senadores com quem tem conversado, Kassio Nunes Marques disse que, no caso da universidade espanhola, houve um erro de tradução, que teria causado a confusão.

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Postura com Kassio Nunes Marques é diferente da adotada com ex-ministro

A postura do Planalto diante das revelações sobre o currículo de Marques difere do comportamento adotado por Bolsonaro no caso de Carlos Alberto Decotelli, que chegou a ser nomeado para o Ministério da Educação, em junho, mas que caiu antes de tomar posse. Na ocasião, Decotelli também teve a formação acadêmica questionada.

No Planalto, a avaliação é a de que se trata de caso completamente diferente e que não há risco de o nome de Kassio Nunes Marques sofrer um revés na sabatina do Senado, marcada para o próximo dia 21. "É prego batido e ponta virada", diz um interlocutor de Bolsonaro.

Um dos aliados do presidente admite que novos questionamentos contra Marques ainda podem surgir. Ele afirma, no entanto, que isso em nada mudará o apoio construído ao nome do magistrado no Senado. A recomendação do governo é para que o desembargador prossiga conversando com senadores em busca de votos. Depois de uma sabatina, a indicação tem de ser aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário do Senado. A sabatina foi agendada para o dia 21.

Senadores não consideram que as falhas no currículo são graves

As falhas no currículo acadêmico do desembargador Kassio Nunes Marques também não foram vistas como graves por senadores ouvidos em caráter reservado pela Gazeta do Povo. O próprio Marques já adiantara aos integrantes do Senado em conversas que essa falha poderia ser explorada por opositores e pela mídia.

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A todos os senadores com quem já havia conversado, Marques explicou a questão do currículo. Os parlamentares alegaram que esse tipo de falha ocorre e que não compromete a capacidade jurídica do desembargador.

Segundo senadores ouvidos por Gazeta do Povo, neste momento, apenas um fator pode comprometer a aprovação do nome dele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ou no plenário: se o próprio presidente desistir da indicação, algo que não deve ocorrer.

Ao longo da terça-feira (6), o desembargador conversou com pelo menos 20 senadores em busca de apoio para a sua indicação ao STF. Entre os parlamentares que se encontraram com Kassio Nunes Marques estavam Marcos do Val (Podemos-ES), Wellington Fagundes (PL-MT), Chico Rodrigues (DEM-RR), Elmano Férrer (PP-PI), Rodrigo Pacheco (DEM-MG, Jayme Campos (DEM-MT), Maria do Carmo Alves (DEM-ES), Kátia Abreu (PP-TO), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).