A Polícia Federal concluiu que os chamados “kid pretos” monitoraram por dois meses o presidente Lula (PT) em 2022. O grupo é formado por militares das forças especiais do Exército, treinados para atuar em missões sigilosas. A informação consta no relatório da PF divulgado nesta terça-feira (26).
A investigação identificou que os “kids pretos” investigados por participação no suposto plano de golpe de Estado estiveram, principalmente, nas proximidades do Hotel Meliá, local onde o petista estava se hospedando durante o período de transição.
Os investigadores relatam que o monitoramento começou em meados de novembro de 2022. Além de Lula, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também era monitorado pelo grupo, inclusive utilizando um veículo do Batalhão de Ações e Comando (BAC).
Segundo a PF, dados de torres de celulares detectaram a movimentação de dois investigados perto do hotel de Lula. A PF afirmou que o policial federal Wladimir Matos Soares, preso durante a Operação Contragolpe, “se inseriu no contexto de atuação da criminosa ao fornecer informações relativas à segurança do candidato eleito Luís Inácio Lula da Silva”, inclusive sobre a presença de policiais de força tática na equipe.
O policial teria se colocado à disposição para atuar no suposto golpe de Estado e, segundo o documento, demonstrou “aderência subjetiva à ruptura institucional, que estava em execução naquele momento”.
O plano batizado de “Punhal Verde Amarelo” incluía o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
“O investigado [Wladimir Soares], aproveitando-se das atribuições inerentes ao seu cargo no período entre a diplomação e posse do governo eleito, repassou informações relacionadas a estrutura de segurança do presidente Lala para pessoas próximas ao então presidente Jair Bolsonaro aderindo de forma direta ao intento golpista”, concluiu a Polícia Federal.
Bolsonaro negou saber de plano para matar Lula
No último dia 21, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o general e ex-ministro Walter Braga Netto (PL) e outras 35 pessoas no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Segundo o relatório elaborado pela autoridade policial, o ex-mandatário “planejou, dirigiu e executou” atos para abolir o Estado Democrático de Direito e consumar um golpe de Estado. Para a PF, Bolsonaro era informado sobre todo o planejamento para consumar o golpe.
O ex-presidente nega ter participado da suposta trama golpista. Questionado se sabia do plano que incluía a morte de Lula, ele respondeu: “Não, esquece. Dentro das quatro linhas não tem pena de morte”.
“Essa história de assassinato de autoridades, no meu entender, foi jogado para dar uma demonstração que ‘olha, jogamos fora das quatro linhas’. Não cola isso daí. No meu entender, nada foi iniciado, não podemos querer agora punir o crime de opinião”, afirmou Bolsonaro nesta segunda-feira (25).
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