Com a saída do procurador Deltan Dallagnol do comando da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, a operação perde mais um rosto conhecido. Desde que as investigações começaram, em 2014, vários nomes já se despediram da força-tarefa no MPF e na Polícia Federal, além do ex-juiz Sergio Moro, que deixou a magistratura para entrar no governo do presidente Jair Bolsonaro, no início de 2019. Veja a seguir os principais personagens que saíram de cena em seis anos de Lava Jato:
Sergio Moro, ex-juiz federal
Sergio Moro julgou os casos da Lava Jato desde 2014 até o final de 2018. Foi responsável por colocar na prisão grandes empresários do país e figurões da política. O ex-juiz foi responsável, por exemplo, por autorizar a prisão de dezenas de executivos na 7ª fase da operação, em 2015. Posteriormente, colocou na prisão os empresários da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, na 14ª fase, denominada Juízo Final, também em 2015.
Moro também foi o responsável pela condenação e, posteriormente, pelo mandado de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista ainda luta na Justiça para que Moro seja considerado parcial para julgá-lo e, assim, anular a sentença do caso do tríplex no Guarujá. O caso está para ser julgado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moro deixou a Lava Jato, e a magistratura, no final de 2018 para assumir o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro. Ele deixou o cargo em abril deste ano, acusando o presidente da República de interferência política na Polícia Federal. Um inquérito foi aberto no STF para investigar as acusações de Moro e está sob relatoria do ministro Celso de Mello.
Teori Zavaski, ministro do STF
Teori Zavaski foi o primeiro ministro do STF a ser relator da Lava Jato na Corte. Ele faleceu no início de 2017, em um acidente aéreo. O ministro havia sido responsável, em 2015, por autorizar a prisão do então senador Delcídio do Amaral (PT-MS) – primeiro parlamentar preso durante o exercício do mandato na história do Brasil.
Ao todo, o ministro autorizou a realização de três fases da Lava Jato em Brasília. Na primeira, em julho de 2015, a PF realizou buscas e apreensões envolvendo o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), os ex-ministros Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Mário Negromonte (ex-PP-BA) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE). A Lava Jato também cumpriu, a mando de Zavaski, mandados de busca e apreensão envolvendo o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outros políticos importantes, em dezembro de 2015.
Antes de morrer, Zavaski analisava os depoimentos de colaboração premiada de 77 executivos da Odebrecht. O ministro chegou a suspender as férias para se dedicar à análise do acordo.
Quem ficou com a relatoria da Lava Jato no STF depois da morte de Zavaski foi o ministro Edson Fachin, atual relator dos casos da operação.
Carlos Fernando Lima, procurador da República
Um dos procuradores que deu início às investigações da operação Lava Jato em Curitiba, Carlos Fernando Lima deixou a força-tarefa da operação em setembro de 2018. O procurador voltou a atuar na Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3), em São Paulo, até sua aposentadoria, no ano seguinte.
Além de atuar na Lava Jato, Lima também atuou nas investigações do caso Banestado. Ele foi um dos responsáveis por firmar o primeiro acordo de colaboração premiada do doleiro Alberto Youssef, personagem que voltou a ser preso na Lava Jato em 2014.
Erika Marena, delegada da PF
A delegada federal Érika Marena, responsável por batizar a Lava Jato, deixou a força-tarefa da Polícia Federal em 2016. Depois disso assumiu o combate à corrupção na PF em Santa Catarina e esteve envolvida na polêmica Operação Ouvidos Moucos, que levou ao suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Luiz Carlos Cancellier. Em 2017, foi promovida a superintendente regional da PF de Sergipe.
O trabalho da delegada serviu de inspiração para o filme “Polícia Federal – A Lei é para todos”. A delegada chegou a encabeçar uma lista tríplice, elaborada pela Associação de Delegados da Polícia Federal, como candidata potencial a ocupar a direção-geral da PF na gestão do então presidente Michel Temer (MDB).
Em 2019, assumiu um cargo no Ministério da Justiça, comandado por Moro. Erika era responsável pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça e deixou o cargo depois que Moro pediu demissão.
Eduardo Mauat, delegado da PF
O delegado Eduardo Mauat, que também esteve desde o início das investigações da Lava Jato na PF em Curitiba, deixou o caso em 2016. Ele foi responsável pela condução de inquéritos que investigaram o ex-presidente Lula na Lava Jato. Mauat voltou para a unidade de origem dele, no Rio Grande do Sul.
Luciano Flores de Lima, delegado da PF
Luciano Flores de Lima também deixou a Lava Jato em 2016. O delegado foi o responsável pelo interrogatório de Lula, em 2016, quando a PF cumpriu um mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente na Operação Aletheia — 24ª fase da Lava Jato. Flores deixou a força-tarefa para trabalhar na coordenação das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016.
No ano passado, assumiu a Superintendência da PF no Paraná, cargo que ocupou até maio deste ano.
Márcio Anselmo, delegado da PF
Outro delegado que deixou a Lava Jato foi Márcio Anselmo, em 2017. Ele foi um dos principais personagens da operação e esteve nas investigações desde o início. Ele deixou Curitiba para assumir a Corregedoria da PF no Espírito Santo.
Anselmo conduziu investigações da Lava Jato que apuravam a origem dos pagamentos por palestras e doações recebidas pelo ex-presidente Lula.
Igor Romário de Paula, delegado da PF
Um dos últimos delegados da PF a deixar as investigações da Lava Jato em Curitiba foi Igor Romário de Paula. Ele havia sido responsável por coordenar a força-tarefa na PF, que foi extinta em 2017, e depois pelo comando do Grupo de Repressão a Crimes Financeiros e a Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários.
Ele deixou a PF em Curitiba em 2019 para assumir a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) da Polícia Federal, a convite de Moro, que chefiava o Ministério da Justiça. Atualmente, integra a equipe da PF que está sob as ordens dos STF na condução de inquéritos como o das fake news e das manifestações antidemocráticas.
Newton Ishii, o "Japonês da Federal"
Famoso pelas aparições ao lado dos presos mais notáveis da Lava Jato, o ex-agente da Polícia Federal (PF) Newton Ishii, que ficou conhecido como “Japonês da Federal", se aposentou em 2018. Ele foi responsável por escoltar figuras como Marcelo Odebrecht, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP), o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre outros presos, na Superintendência da PF, em Curitiba.
Em julho deste ano, ele foi condenado por facilitar o contrabando pela fronteira Brasil-Paraguai, em Foz do Iguaçu.
Diogo Castor de Mattos, procurador da República
O procurador Diogo Castor de Mattos foi um dos primeiros membros da Lava Jato. Ingressou na força-tarefa em abril de 2014, logo que ela foi criada, e se desligou do grupo em abril de 2019, alegando problemas de saúde. Ele deixou a operação em meio a uma polêmica sobre a instalação de um outdoor em homenagem ao aniversário de cinco anos da Lava Jato próximo ao Aeroporto Afonso Pena, na região de Curitiba, em março de 2019.
A Corregedoria do MPF abriu uma investigação sobre o caso e descobriu que Mattos foi o responsável pela propaganda — o procurador afirmou ter pago do próprio bolso pelo outdoor, afirmando que o objetivo era elevar o moral do grupo, que vinha sendo atacado. A corregedoria avaliou que o procurador infringiu o princípio da impessoalidade e que lhe caberia um tipo de advertência escrita, mas o processo prescreveu em abril deste ano e não houve qualquer punição.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião