Nesta terça-feira (31), o jornal francês, Le Monde, chamou a primeira-dama, Janja, de “vice-presidente” de Lula. O artigo assinado pelo correspondente do jornal no Brasil, Bruno Meyerfeld, destaca a “ascensão meteórica” e a “influência excessiva” da primeira-dama, de 57 anos, sobre as decisões tomadas por Lula, que completou 76 anos recentemente.
“Do seu gabinete, ao lado do de Lula, no terceiro andar do palácio presidencial do Planalto, em Brasília, a primeira-dama tem liderado iniciativas notáveis, por exemplo, contra os feminicídios. Ela influenciou a composição do governo e impôs a inserção de vários de seus seguidores, como a cantora Margareth Menezes, na Cultura. ‘Janja’ não hesita em comparecer no conselho de ministros, ou mesmo em convocar os seus membros para reuniões de trabalho. Ela também participa de todas as viagens presidenciais (vinte e um países visitados em nove meses) e foi a única primeira-dama a participar das sessões do G20 deste ano em Nova Delhi, na Índia”, diz um trecho do artigo.
Ao falar da ascensão da primeira-dama nas redes sociais, o jornal chamou Janja de “expansiva e jovial”. A conta da primeira-dama no Instagram tem 2,3 milhões de seguidores, três vezes mais do que o vice-presidente e ex-tucano, Geraldo Alckmin (PSB).
O Le Monde também destacou a atuação de Janja na cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro de 2023.
“Nesse dia, ela apareceu vestida com calça champanhe e terno bordado, para comandar as festividades. Foi ela quem imaginou para Lula a subida da rampa do Planalto rodeado de personalidades da sociedade civil, entre elas o líder indígena Raoni. A imagem de um presidente investido pelo povo correu o mundo. Uma apoteose”, diz o texto.
Em outro trecho, o jornal classificou a primeira-dama como “feminista, consumidora de produtos orgânicos, viciada em fitness (até três sessões por dia) e defensora dos direitos dos animais”.
Sobre a vida acadêmica e profissional da primeira-dama, o jornal disse que Janja foi uma estudante “mediana” e acabou se convertendo em uma “ativista experiente” ao se filiar ao PT, na década de 1980.
O Le Monde também lembrou dos 16 anos em que Janja ocupou cargos na hidrelétrica de Itaipu e repetiu a versão oficial sobre o início do romance com Lula após a morte de Marisa Letícia, em 2017.
“O casamento deles (Lula e Janja) aconteceu no dia 18 de maio de 2022, em São Paulo. Os dirigentes petistas esconderam sua irritação com um sorriso forçado. O estilo ‘Janja’, que apelidava Lula de ‘meu menino’ e o beijava avidamente em público, horrorizou esses senhores um tanto austeros, da luta social e do sindicalismo operário”, diz o artigo.
Apesar da militância da primeira-dama e da influência que vem exercendo sobre o governo, o jornal reconheceu que Janja “sofreu vários reveses e não conseguiu impor a paridade dentro do atual governo, composto por três quartos de homens”.
Para o Le Monde, a primeira-dama é alvo de “uma violenta campanha da extrema direita não hesita em retratá-la como uma ‘vampira’".
Por fim, o jornal francês disse que o Brasil vive um “duelo de primeiras-damas”, em referência ao envolvimento da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com a política partidária.
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