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Balanço

Equipamentos, médicos e tecnologia: o legado da Covid-19 para o sistema de saúde do Brasil

hospitais de campanha em Águas de Lindoia (GO)
Hospital de campanha em construção em Águas Lindas (GO). (Foto: Evaristo Sá/ AFP)

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No fim de abril, o ministro da Saúde, Nelson Teich, falou de um possível legado do coronavírus para o sistema de saúde brasileiro. Segundo ele, muitas das ações e aquisições que têm sido promovidas para combater o coronavírus podem servir para melhorar as condições da saúde pública no Brasil.

“Tudo o que a gente tem feito visa a abordar não só a crise da Covid. A gente está trabalhando sempre com a ideia do que a gente pode deixar, a partir das mudanças que a gente está fazendo, que seja um legado para a sociedade, para que a gente tenha um sistema de saúde melhor quando isso tudo passar”, disse Teich em uma coletiva de imprensa.

Entre os possíveis legados do enfrentamento da pandemia para o sistema de saúde pública do Brasil, estão o aumento do número de equipamentos hospitalares, o crescimento na quantidade de profissionais de medicina aptos a trabalharem, a ampliação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis e a criação de novos hospitais.

RS, SP, DF e RJ terão novos hospitais

Alguns novos hospitais estão sendo construídos em lugares onde a crise do coronavírus se tornou mais grave. Esses estabelecimentos continuarão atendendo a população depois da crise.

No Rio de Janeiro, por exemplo, o governo anunciou a construção de um hospital modular com capacidade para até 300 leitos, sendo 120 deles de UTI, no município de Nova Iguaçu. Como a estrutura é feita com módulos de placas de aço galvanizado que só precisam ser parafusadas, sua montagem é mais ágil do que a construção de uma estrutura com cimento e argamassa. O hospital – que havia sido prometido para o começo de maio, mas até agora não foi entregue – será mantido depois da crise.

Outra cidade que receberá um hospital modular para a rede pública será Porto Alegre. A prefeitura da capital gaúcha fez parceria com diversas empresas para a construção de um centro de atendimento para pacientes de coronavírus com 60 leitos, na área do Hospital Independência. O custo será de R$ 10,4 milhões, e o hospital deverá ser entregue até o fim de maio.

Em São Paulo, a prefeitura da capital também fez parceria com empresas para montar uma estrutura modular com 100 leitos anexa ao Hospital Municipal M’Boi Mirim - Dr. Moysés Deutsch. O novo centro de atendimento, que durante a crise serve para casos suspeitos e confirmados da Covid-19, tem um total de 100 leitos, inicialmente.

No DF, um hospital de campanha que está sendo montado para atender internos do Complexo da Papuda durante a crise da Covid-19 terá sua estrutura mantida após o fim da pandemia, segundo o governo.

Leitos de UTI e equipamentos para o coronavírus poderão ser mantidos

Desde que a crise do coronavírus começou, o governo federal habilitou 3.236 novos leitos de UTI para diversos estados do Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O governo também distribuiu para os estados 447 respiradores que poderão ser usados posteriormente no sistema de saúde.

Nem todos esses novos itens deverão ser mantidos nos hospitais a que foram destinados, já que o custo de manutenção é alto, mas alguns governadores já sinalizaram que os leitos e equipamentos serão ao menos parcialmente preservados.

Em Santa Catarina, por exemplo, o governo afirmou que os equipamentos comprados para os hospitais de campanha ficarão como um legado para o sistema de saúde do estado.

No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha disse que todas as aquisições feitas durante a crise do coronavírus serão usadas, posteriormente, para a renovação de hospitais públicos.

No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella afirmou que os novos aparelhos deverão ir, depois da crise, para um novo hospital público cuja montagem está em fase de estudo.

Número de profissionais de saúde também aumentará após coronavírus

A urgência de contratação de profissionais de saúde fez com que o governo acelerasse processos seletivos e até a colação de grau de médicos e outros profissionais da área, como técnicos de enfermagem, farmacêuticos e fisioterapeutas.

Universidades federais anteciparam a colação de grau de estudantes para reforçar o enfrentamento à doença. Segundo o Ministério da Educação (MEC), que promove essa ação, já foram antecipadas 1.366 formaturas de profissionais da área na rede federal.

Por enquanto, 1.183 médicos, 150 enfermeiros, 23 farmacêuticos e dez fisioterapeutas foram graduados antecipadamente em todo o Brasil.

Legados tecnológicos e científicos

As ações de enfrentamento à pandemia também deverão deixar legado na área da tecnologia. Recentemente, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), anunciou que todas as unidades de saúde do Brasil terão, em breve, conexão à internet, algo importante para garantir a chegada de dados sobre a evolução da pandemia de todas as partes do país. Atualmente, o Brasil tem mais de 42 mil postos de saúde.

Na área científica, também é possível que o país tenha um impulso importante. O aumento da articulação da comunidade científica com os órgãos públicos e as empresas poderá ter frutos no pós-pandemia, como sugeriu em fala recente o secretário-executivo do MCTIC, Julio Semenghini. Além disso, a fabricação interna de produtos para o setor de saúde deverá ter um incremento significativo.

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