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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, culpou o Carnaval, que deixa as pessoas "mais relaxadas", a realização de uma obra e falhas no projeto arquitetônico do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró pela fuga de dois detentos da facção criminosa Comando Vermelho na manhã da quarta-feira (14). Ele também minimizou a importância dos criminosos, que seriam "soldados" e não lideranças do crime organizado.
Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça no início do mês atribuindo a criminalidade à exclusão social e defendendo o desencarceramento em massa de presos. Em uma entrevista à imprensa à frente de sua primeira grande crise na pasta (a primeira fuga na história de um presídio federal), Lewandowski tentou passar uma imagem de transparência tentou minimizar a importância da fuga e mostrou contradição em algumas de suas falas.
O ministro comparou a fuga dos dois detentos a um acidente aéreo, onde a soma de vários fatores explica um resultado trágico. Ele começou justificando a falha com o fato de ter ocorrido durante o feriado de Carnaval, quando "as pessoas estão mais relaxadas". Depois disse que o presídio passava por uma obra e ferramentas ficaram ao alcance dos presos. Eles as teriam usado para romper uma luminária da cela e chegar a um fosso de serviço a partir de onde tiveram acesso à área externa do presídio.
Lewandowski disse que havia no local uma falha arquitetônica, pois acima das luminárias havia apenas uma estrutura "comum" de alvenaria ao invés de uma lage de concreto. Ele apontou isso como uma falha arquitetônica. O ministro disse que depois de sair das celas, os detentos encontraram um tapume de metal, que ultrapassaram com facilidade, e depois usaram um alicate para cortar uma cerca e sair do complexo.
"Não imaginamos que tenha sido algo orquestrado do lado de fora, arquitetado com muito dinheiro e com muito custo. Foi uma fuga que custou muito barato", disse o ministro. Ele disse acreditar que não houve um plano de fuga arquitetado de fora do presídio.
O Ministro da Justiça prometeu construir mais muralhas e instalar câmeras melhores nos presídios federais, mas minimizou a importância dos detentos no Comando Vermelho, dizendo serem "soldados" e não lideranças. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento haviam participado de uma rebelião em um presídio no Acre onde detentos foram decapitados. Ao menos Nascimento cumpria pena por crimes de roubo e assassinato.
Lewandowski também disse inicialmente que o governo não consegue competir com o crime organizado. "O Estado não tem condições de competir com essas estruturas [do crime organizado], que são multinacionais", afirmou. Mas o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal logo corrigiu a fala disse: "Temos todas as condições de enfrentar o crime organizado e vamos enfrentar."