Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, em entrevista coletiva na tarde deste domingo (24).| Foto: Reprodução Youtube / Ministério da Justiça
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Em entrevista coletiva concedida na tarde deste domingo (24), em Brasília, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmaram que esta etapa da investigação do caso Marielle está encerrada e que os presos na operação deste domingo (24) são os mandantes do crime.

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“De fato a nossa conclusão é essa: esses são os mandantes do crime. Nesse momento a Polícia Federal encerra essa fase da investigação, apontando não só os mandantes, mas, também, aqueles executores e aqueles intermediários que, de alguma maneira, têm alguma relação com o crime”, disse o diretor da PF.

Mesmo assim, Andrei Rodrigues disse que há possibilidade de que outras ações sejam realizadas, a partir da etapa de análise de materiais apreendidos na operação deste domingo.

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Lewandowski informou que os três presos – Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro), Chiquinho Brazão (deputado federal pelo União Brasil-RJ) e Rivaldo Barbosa (ex-chefe da Polícia Civil no Rio de Janeiro) – passaram por exames no IML do Rio de Janeiro e seriam transferidos ainda na tarde deste domingo para o presídio federal de Brasília.

O ministro da Justiça disse que, além dos alvos de prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra a esposa de Rivaldo Barbosa, Érica Andrade, o delegado da Polícia Civil, Giniton Lages, o comissário da Polícia Civil, Marco Antônio Barros, e o assessor do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Robson Calixto Fonseca.

Todos os alvos estão obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas e entregar passaportes. Além disso, eles estão proibidos de se comunicar com demais investigados.

“Triunfo do estado brasileiro”

Na entrevista coletiva, Lewandowski afirmou que a prisão dos suspeitos de mandar matar a vereadora representa “um triunfo expressivo do estado brasileiro contra a criminalidade organizada”.

Sobre a participação de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, no crime, Rodrigues citou uma “relação indevida” dele com os outros investigados desde antes do assassinato.

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“Havia uma relação indevida desse, que era então chefe da Delegacia de Homicídios e depois chefe de Polícia, para desviar o foco da investigação daqueles que são os verdadeiros mandantes do crime. Essa era uma atuação desse investigado no contexto do inquérito”, disse o delegado-chefe da PF.

Motivação do crime

O ministro e o diretor-geral da PF sinalizaram que uma espécie de “estopim” para o assassinato teria sido a discussão sobre um projeto de lei na Câmara do Rio de Janeiro que debatia a regularização de terras na cidade.

Lewandowski e Andrei Rodrigues afirmaram que a motivação do crime precisa ser entendida em um contexto de conflito envolvendo Marielle Franco e os apontados como supostos mandantes do assassinato dela.

Durante a coletiva, o ministro da Justiça leu um trecho da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação deste domingo:

“Apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial de Domingos, com atividades criminosas. Incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e grilagem de terras. Por fim, ficou delineada a divergência, no campo político, sobre questões de regularização fundiária e do direito de moradia”, citou Lewandowski.

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“A vereadora Marielle Franco se opunha justamente a esse grupo que, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras, para usá-las para fins comerciais, enquanto ela queria utilizar essas terras para fins sociais e de moradia popular”, completou.

O diretor da PF também falou sobre o tema. “Se a pauta imobiliária não era central para o mandato da vereadora, era uma pauta que ela tinha sim, como investimentos em moradias sociais e em outros campos que, repito, iam em confronto com aquilo que o grupo mandante do homicídio defendia”, declarou Andrei Rodrigues.

O peso da colaboração de Ronnie Lessa

Em outro momento da entrevista coletiva, o diretor-geral da Polícia Federal foi perguntado sobre o peso que a colaboração premiada de Ronnie Lessa, um dos executores do crime, teve para a operação deste domingo.

“É o peso legal. Colaboração é um meio de obtenção de provas. Assim nós recebemos, entendemos e trabalhamos, sempre procurando corroborar tudo aquilo que é falado pelos colaboradores.”, afirmou.

Segundo ele, a delação “tem um peso significativo, mas com esse viés de obtenção de outras provas e comprovação de todo aquele cenário complexo”.

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O modus operandi da milícia

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou ainda durante a entrevista coletiva que a investigação da Polícia Federal é uma “radiografia de como operam as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro”.

Segundo ele, a partir dessa investigação, outros casos poderão ser desvendados.

“O que este relatório policial e as longas investigações revelam é o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro. Um modus operandi bastante sofisticado, complexo, que se espaira por todo o estado e por várias atividades”, disse o ministro. “Esta investigação é uma espécie de uma radiografia de como operam as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro e como há um, digamos assim, um entrelaçamento inclusive com alguns órgãos políticos e alguns órgãos públicos, o que é algo realmente bastante preocupante”, completou.