Ministro diz que governo apenas elaborará diretrizes para crimes de âmbito nacional e ampliação das atribuições da PF e PRF.| Foto: reprodução/Canal Gov
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O ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, afirmou nesta quinta (3) que a polêmica Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende aumentar o poder da União na segurança pública do país não fará uma ingerência nos estados, que têm a atribuição constitucional de coordenar as forças locais.

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Ele negou que o projeto em discussão no governo, e que será levado a todos os governadores, vai diminuir a atuação dos estados. A proposta, diz, somente terá uma coordenação de diretrizes gerais e o aumento das atribuições da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal em algumas ações.

“O crime, no passado, era basicamente local. Mas, ao longo destes 36 anos [desde a promulgação da Constituição de 1988), percebeu-se aque o crime não é mais apenas local, mas interestadual e transnacional. [...] Entendemos que chegou a hora de fazermos uma reforma na Constituição principalmente na PF e PRF, dando competência à União para coordenar esse sistema, estabelecer diretrizes gerais sobre segurança publica, defesa civil e sistema penitenciário, que está caótico”, disse o ministro ao programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

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De acordo com ele, os estados não perderão o controle de suas polícias – Militar e Civil – e nem os municípios de duas guardas, mas terão diretrizes que sejam voltadas aos crimes de repercussão nacional, principalmente na atuação de facções e milícias. Ele lembrou, por exemplo, da morte da vereadora carioca Marielle Franco, que a investigação apontou a participação da milícia.

Embora tenha sido um crime local no Rio de Janeiro, a repercussão nacional acabou levantando a necessidade de atuação federal. E o mesmo ocorre com as organizações criminosas, que hoje já se espalham por outros estados e países.

“Precisamos estabelecer nacionalmente certas diretrizes para regulamentar esses sistemas, sem prejuízo para estados e municípios em seu peculiar interesse. Não queremos ingerir nas polícias militares, civis e guardas municipais, queremos que atuem de forma coordenada sobretudo na troca de dados de inteligência”, pontuou.

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De acordo com ele, entre as mudanças propostas para aumentar as atribuições das duas forças na Constituição, estão:

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  • Polícia Federal: atuar também no patrulhamento ostensivo de matas, florestas e áreas de preservação ambiental, e de combater o crime organizado e as milícias privadas, que em geral são locais com repercussão nacional.
  • Polícia Rodoviária Federal: ser mais do que uma policia viária, atuando também em hidrovias e ferrovias, além de uma força ostensiva para ser requisitada temporariamente pelos estados quando necessário em situações de emergência.

“[A mudança na PRF] me parece a mais significativa. Pela necessidade surgida pelos problemas que hoje assolam o país, a PRF, graças à eficiência dela e aos equipamentos que possui, atua em todo o território nacional em auxílio às forças locais”, disse citando a atuação em operações nas comunidades do Rio de Janeiro, no combate ao tráfico de drogas no Norte do país, trabalho escravo, garimpo ilegal, terras Yanomamis, fronteiras, etc.

Já a atuação mediante requisição de estados, diz Lewandowski, seria como ocorre em países como Itália, França, Portugal e Chile, uma “força de choque que possa atuar em todo o Estado brasileiro”. Seria uma versão em âmbito nacional das polícias militares e civis dos estados, segundo o ministro.

Lewandowski afirmou que a proposta ainda está sendo discutida com a sociedade, e também com os governadores, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem tendo uma boa aceitação e que será enviada ao Congresso quando ele considerar oportuno.

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