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Eleições

Descontentes com Bolsonaro, movimentos liberais querem mais espaço no Congresso em 2022

Liberais
Grupos liberais desenham estratégias para eleger mais representantes do liberalismo no Congresso Nacional em 2022. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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Em ascensão no Brasil nos últimos anos, o movimento liberal vem ganhando destaque na formação de lideranças políticas e civis através de grupos como Livres, Movimento Brasil Livre (MBL) e Students for Liberty Brasil (SFLB). Pensando no pleito do ano que vem, os liberais já desenham estratégias para elegerem mais representantes do liberalismo para o Congresso Nacional.

Segundo Mano Ferreira, especialista em comunicação do Livres, o grupo aposta que, com a formação de lideranças através de cursos e treinamentos, será possível compor um Congresso mais liberal em 2022. “A gente precisa ter dimensão do nosso tamanho e influência, por isso o foco em reforçar a bancada no Legislativo”, explica.

Essa mesma estratégia chegou a ser pensada pelo grupo no pleito de 2018, quando eles tentavam por meio do PSL lançar suas candidaturas. No entanto, o grupo rompeu com a sigla depois que Jair Bolsonaro decidiu se filiar ao partido. Com isso, os integrantes do grupo acabaram perdendo espaço para aliados de Bolsonaro.

Apesar do então candidato Bolsonaro afirmar que seria um presidente liberal, o discurso não convenceu o Livres. Para Mano Ferreira, o modelo de “liberal na economia e conservador nos costumes” não funcionou.

“Temos que ser liberais por inteiro. Fica cada vez mais evidente que o liberalismo capenga olhado apenas para a economia do Paulo Guedes não se sustenta. Acredito que os liberais por inteiro não podem se confundir com o bolsonarismo”, afirma.

Nessa linha, o representante do Livres afirma que a estratégia de reforçar a bancada no Legislativo se deu justamente pelo fato que não é possível acreditar em um "salvador da pátria". “Na faz sentido, na visão liberal, acreditar em um salvador da pátria como candidato à Presidência da República”, afirma Ferreira.

Assim como o Livres, o movimento Students For Liberty Brasil acredita que o reforço da bancada liberal no Legislativo seja a melhor estratégia para o ano que vem. O grupo está presente no país desde 2012 e é hoje a maior organização estudantil em prol do liberalismo do mundo.

“Não trabalhamos com metas de candidaturas e sim focamos no desenvolvimento das habilidades dos nossos voluntários. Por causa do nosso caráter institucional, não podemos apoiar candidaturas, mas muitos ex-coordenadores acabaram entrando para a política. Acredito que há um consenso entre liberais sobre a importância de elegermos mais liberais para o Congresso”, afirma Deborah Bizarria, Gerente de Programas do SFLB.

Além desses grupos, os integrantes do MBL estudam a possibilidade de lançar candidaturas para governadores. No entanto, o grupo que ajudou a eleger o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) em 2018 admite que a estratégia só será desenhada no ano que vem.

Interferência na Petrobras afastou liberais de Bolsonaro

Ancorado na agenda econômica prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro acabou atraindo alguns movimentos liberais no começo do seu mandato.

No entanto, grupos como o MBL, o SFLB e o Instituto Mises se afastam cada vez mais do governo. Para esses liberais, a agenda econômica foi abandonada pelo governo e as últimas interferências na Petrobras demonstram que Bolsonaro não é liberal.

Presidente do Instituto Mises, Hélio Beltrão, admitiu recentemente que Bolsonaro nunca foi "propriamente um liberal", apenas percebeu que existia essa demanda na eleição e a encampou. No entanto, afirmou que esse apoio já vinha sendo revisto. “Se ele [Bolsonaro] acha que vai tirar o lado liberal e continuar com o mesmo apoio que tinha antes, ele está enganado", disse Beltrão à BBC News Brasil.

Recentemente, com as mudanças na Petrobras, outros movimentos liberais voltaram a criticar o governo Bolsonaro. De acordo com Deborah Bizarria, do SFLB, além de enfraquecer as políticas defendidas pelo ministro Paulo Guedes, o presidente Bolsonaro tem optado pelo “caminho fácil” para recuperar a popularidade do governo.

“A intervenção na Petrobras não só enfraquece Paulo Guedes como também mina a expectativa de que este governo não seria intervencionista. Na tentativa de recuperar a popularidade, Bolsonaro está sendo seduzido pela solução fácil, mas desastrosa. Ao interferir nos preços dos combustíveis e do setor elétrico, o presidente pode ganhar pontos com alguns setores com o custo de prejudicar toda a sociedade”, completa.

Associado ao Livres, o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) afirmou que esse episódio da Petrobras acabou com as pautas liberais do governo Bolsonaro. “Os poucos resquícios de bandeira liberal que ainda havia se foram agora”, diz.

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