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Enrevista – Cezinha Madureira

Líder da bancada evangélica descarta impeachment e diz que “economia acesa” é prioridade

O presidente da bancada evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP)
O presidente da bancada evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP). (Foto: Agência Câmara)

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A bancada evangélica, que apoiou Arthur Lira (PP-AL) nas eleições para o comando da Câmara, não vai endossar um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e tem na recuperação da economia a sua principal prioridade para 2021. O posicionamento é do presidente do bloco, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP).

Ele está em seu primeiro mandato na Câmara e, mesmo assim, conseguiu ocupar a liderança da Frente Parlamentar Evangélica, nome oficial da bancada. Cezinha chegou ao posto após vencer uma rara disputa dentro da bancada contra Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que também queria comandar o bloco. Geralmente, os líderes são escolhidos por aclamação. "O parlamento é uma casa de voto, você disputa voto. Então, seja com o deputado Sóstenes, com o deputado X, o deputado Y, é uma disputa, é normal. Isso acontece em todas as frentes aqui, e vence aquele que faz um acordo ou conquista a maioria", diz.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Cezinha colocou também que a bancada espera de Bolsonaro o cumprimento da promessa da indicação de um jurista evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF). "Quem deu a palavra que seria um evangélico foi o presidente da República", disse o parlamentar, que foi defensor da indicação de Kassio Nunes Marques para a corte. Cezinha ressaltou que Bolsonaro "fala a língua da maioria" e que os evangélicos se sentem representados pelo presidente.

Na entrevista, feita antes das eleições da Câmara, Cezinha justificou o apoio da bancada a Arhur Lira por uma questão de "palavra" e valorização às lideranças evangélicas. "Ele conversou conosco antes, nos valorizou, nos procurou sabendo que nós somos mais de 130 parlamentares na Casa, temos um certo poder de voto, uma certa influência. Ele conversou conosco e nos deu as palavras de acordos, de posicionamentos com as pautas que são as nossas pautas, que são pautas de costumes", disse.

Leia os principais trechos da entrevista:

Quais são as principais metas da bancada evangélica para 2021?

Cezinha de Madureira: Manter o país com a economia acesa. Isso é número 1. Nós somos evangélicos, mas nós somos brasileiros. Precisamos da economia acesa, precisamos da economia sendo movimentada, de um país fazendo obras, de um país construindo estradas, de um país dando emprego. Nós precisamos que a economia dê uma alavancada. Agora, com a chegada da vacina [contra a Covid-19], nós trazemos uma esperança para o povo, e a nossa meta é ajudar o país a caminhar para um rumo melhor.

Qual o posicionamento do senhor e da bancada em relação a um eventual processo de impeachment do presidente Bolsonaro?

Cezinha de Madureira: Não existe embate nenhum sobre o impeachment. Até porque as pessoas que têm se manifestado em relação a impeachment não têm grupo. O Brasil não aguenta um impeachment agora. O governo tem acertado, tem errado, como todos os governos. Acerta, erra e conserta o erro. E, neste momento, está tendo um ajuste de rota. O presidente, com seu grupo, está acertando a rota do que precisa ser acertado, e nós acreditamos no governo. Acreditamos e não somos favoráveis ao impeachment porque o Brasil não pode bater de frente com isso. Nós temos que aprovar as pautas que o governo precisa aprovar, as pautas administrativas, as reformas. A economia precisa girar.

No último dia 26, algumas lideranças religiosas apresentaram um pedido de impeachment de Bolsonaro. Como o senhor viu isso?

Cezinha de Madureira: Eu não conheço nenhum dos religiosos que estavam ali. Aquilo pode ter sido algo pautado, combinado com pessoas. Não existe isso, não tem… me apresente quais eram os parlamentares que estavam lá. Não tinha representante. Existia ali um grupo que simplesmente fez declarações, e os grupos de comunicações interessados fizeram alarde com isso.

Qual a avaliação que o senhor faz da atuação do governo Bolsonaro no combate à pandemia de coronavírus?

Cezinha de Madureira: Nós não esperávamos [a pandemia]. Ninguém no mundo esperava. Você pega um país de primeiro mundo que são os Estados Unidos... Os Estados Unidos já conseguiram vacinar quantos porcento da população? Não tenho esse número de cabeça, mas é muito pouco ainda. Então nós não podemos fazer uma avaliação negativa [do Brasil]. Se um país de primeiro mundo como os EUA e os países da Europa ainda não conseguiram chegar a um patamar tão alto, não seria o Brasil, tão grande, tão maior que certos países, que estaria melhor. Nós somos o 16.º país no ranking das vacinas. Para o Brasil, que sempre foi um país exemplar, modelo, número 1 do mundo em vacina, nós poderíamos estar um pouco mais adiantados se não houvesse alguns grupos, de alguns estados, colocando cor partidária nisso. Mas infelizmente chegou a um ponto muito crítico em que a cor partidária falou mais forte.

A bancada evangélica se sente representada com o governo Bolsonaro? É um governo que os evangélicos chamam de "meu"?

Cezinha de Madureira: Nós nunca tivemos na história do país um presidente que começasse um discurso falando em Deus e terminasse falando em Deus. Ele honra aqueles que o colocaram ali. E "representar", para mim, não é ter cargo no governo. Nós não precisamos de certas coisas para dizer que estamos representados. O presidente cuida das nossas pautas. É um presidente conservador. E nós nos sentimos sim representados, porque ele fala a língua da maioria, que é mais de 90% cristã.

Como o senhor viu a aprovação do aborto na Argentina? Acredita que movimento similar pode se repetir no Brasil?

Cezinha de Madureira: Isso é uma pauta, para deixar bem claro, que já foi tratada no Congresso Nacional. Aborto não existe no Brasil e isso já foi tratado, já foi discutido. É óbvio que nós temos muitas inseguranças jurídicas, e em alguns momentos há aquelas decisões, nos setores do Judiciário, seja na primeira, segunda ou terceira instância, ou STF. Tem as suas decisões nos assuntos pontuais. Com relação à Argentina, eu me posicionei sim, e todos nós praticamente nos posicionamos, porque é um país vizinho, que faz parte da nossa região, que tem uma decisão dessa... Acaba trazendo uma influência, uma vez que nós fazemos parte do Parlasul. Nós não podemos perder a oportunidade de marcar o nosso ponto e criticar algo do tipo. Nós somos contra o aborto. E continuaremos contra hoje, amanhã e sempre. Só tem uma regra: quem dá e tira a vida é Deus; não o homem.

O senhor elogiou a indicação de Kassio Nunes Marques para o STF. Para a próxima vaga, o senhor espera que Bolsonaro cumpra a promessa de indicar um ministro evangélico?

Cezinha de Madureira: O presidente Bolsonaro, assim como qualquer outro presidente, é quem tem a legalidade de indicar. Ele não depende de ninguém. Cabe a ele fazer as articulações que devem ser feitas, que precisam ser feitas, e colocar alguém que seja de agrado da sociedade. Agora, quem deu a palavra de que seria um evangélico foi o presidente da República. E se ele deu essa palavra, como somos a maioria esmagadora de eleitores dele no mundo evangélico, então cabe a ele decidir qual será a decisão dele. Quem ele colocar com certeza terá o nosso apoio. Até porque ele escolheu bem, por exemplo, o ministro Kassio.

Além de liderança evangélica, o senhor é membro do PSD. O que se pode esperar do PSD ao longo dos próximos meses?

Cezinha de Madureira: O PSD hoje é um partido que tem pregado a paz. Nós temos uma qualidade boa de parlamentares. Os parlamentares do PSD são deputados que já foram deputados estaduais, como eu; que já foram prefeitos, que já foram ministros, outros são advogados… Então, tem uma qualidade muito boa. A ideia do partido hoje é melhorar a economia do país. Não é momento de falar em eleição. Eu acho que nós temos aí uma luta pela frente para aprovar as reformas. Eu tenho visto no PSD que não é momento de despontar ninguém como candidato a presidente ou com apoio. Nós estamos num governo que tem tudo para dar certo. E nós, o PSD hoje, é base do governo Bolsonaro. Nós somos base, nós votamos como o governo, nós somos aliados do governo. Então nós torcemos que dê certo. O ministro Gilberto Kassab é um dos líderes partidários mais coerentes. A sua palavra tem muito peso. Ele tem coerência no que faz. E ele tem nos aconselhado, sempre que pode: “Vamos votar as pautas positivas para o Brasil”. Essa é a nossa preocupação hoje.

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