Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Em audiência no Senado brasileiro

Líder da oposição venezuelana relata violações do regime de Nicolás Maduro

María Corina Machado, uma das favoritas nas primárias da oposição venezuelana (Foto: EFE/ Rayner Peña R.)

Ouça este conteúdo

Nesta terça-feira (12), ao ser ouvida durante uma audiência na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado Federal, a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, relatou inúmeras violações do regime do ditador Nicolás Maduro e a forma truculenta com que o socialista mantém o poder contra a vontade da maior parte da população. A audiência foi proposta pelo senador Sergio Moro (União-PR).

“Nós tentamos tudo. Tentamos pelas vias democráticas. Tivemos mais de trinta eleições, que cada vez são mais obscuras, mais controladas pelo regime. Também tivemos quinze iniciativas de diálogo com a participação de observadores internacionais, mas cada vez que o regime se compromete, ele não cumpre a sua palavra”, relatou María Corina.

Durante sua exposição, Corina também disse que a grave situação vivida pelos venezuelanos não é uma narrativa, “é a realidade”. A fala faz referência a uma declaração do presidente Lula, que ao encontrar o ditador Maduro, em maio, disse que a “Venezuela é vítima de uma narrativa de antidemocracia”.

Quando perguntada por Moro sobre como a Venezuela passou de um país próspero a uma tirania em poucos anos, María Corina destacou três pontos:

“Primeiro, acabaram com a independência do poder policial: Em menos de 10 anos, 90% dos juízes foram substituídos e, hoje, 97% dos juízes são temporários e de livre remoção, ou seja, se não forem absolutamente leais ao regime serão demitidos. Em segundo lugar, acabaram com a liberdade de expressão através da perseguição, da censura e da compra dos jornais [..] E, em terceiro lugar, semearam o medo e o caos na sociedade”, disse a venezuelana ao lembrar que o regime mantém presos políticos pelo crime de protestar contra a ditadura.

Corina ainda pediu que o Itamaraty acompanhe o processo eleitoral venezuelano para verificar a lisura. Os senadores brasileiros cogitam ir em comitiva ao país vizinho, a exemplo da visita em 2015.

Depois de destacar os principais problemas causados pelo regime venezuelano, Corina chamou atenção para a importância das eleições do próximo ano. Segundo ela, a ditadura de Maduro perdeu o apoio popular e “mais de 80% dos venezuelanos querem uma mudança”.

“Maduro se converteu em um grande problema para a comunidade internacional, inclusive para os seus aliados”, disse a venezuelana ao lembrar que o ditador é alvo de investigações do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.

“O mundo já sabe dos julgamentos (contra opositores), dos graus de corrupção do regime e da vinculação com o narcotráfico, inclusive com grupos terroristas islâmicos”, completou.

Logo no início da audiência, o vice-líder do governo no Senado e vice-presidente da CSP, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), disse ter recebido da liderança do governo um posicionamento de 80 páginas contrário à realização da audiência. O senador, no entanto, se negou a ler a manifestação da liderança e, ao lado de Moro, deu seguimento à sessão.

Cassação

No dia 30 de maio de 2023, por decisão da Controladoria Geral da República, o regime venezuelano cassou os direitos políticos de María Corina Machado e a impediu de exercer cargos públicos pelos próximos 15 anos.

Além disso, Corina disse que está proibida de comprar passagens aéreas e é sempre seguida pela polícia política de Maduro quando se desloca com seu carro. Corina também relatou agressões a apoiadores e perseguição a estabelecimentos comerciais que visitou, como hotéis e restaurantes.

De acordo com o regime venezuelano, María Corina feriu o artigo 105 da Lei Orgânica da Controladoria. O dispositivo versa sobre punições administrativas a atos de improbidade.  O processo não passou por nenhum tribunal. Trata-se de uma decisão imposta por um órgão do governo contra a principal liderança da oposição.

Apesar da perseguição, María Corina afirmou que segue como candidata nas primárias da oposição que serão realizadas no próximo dia 22 de outubro.

Veja a audiência na íntegra.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.