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Repercussão

Líderes dos atos pró-governo comemoram adesão e esperam que suas demandas sejam atendidas

Manifestação pró-governo de 7 de setembro em Brasília. (Foto: Alan Santos/PR)

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Políticos e organizadores das manifestações de 7 de setembro comemoram a adesão dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro aos atos que ocorreram em diversas capitais do país. As maiores concentrações ocorreram em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro, mas mobilizações também foram registradas em cidades como Fortaleza, Aracaju, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Maceió, João Pessoa, Manaus, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. Eles esperam que, a partir de agora, com a demonstração desse apoio popular, que os poderes reconheçam o que consideram ser o anseio da população demonstrado nas manifestações.

Tomé Abduch, coordenador do movimento Nas Ruas, uma das entidades que organizou os atos pró-governo, disse que as manifestações foram as maiores já registradas nos últimos anos. “Foi um sucesso. Com certeza um dos maiores atos cívicos do Brasil. Tivemos a [Avenida] Paulista lotada", disse Abduch. Segundo ele, essa multidão mostrou os "anseios da sociedade por liberdade de expressão e democracia”.

Apesar de opositores do presidente Bolsonaro classificarem os atos como antidemocráticos, o coordenador do movimento Nas Ruas afirmou que não houve qualquer mobilização contra a democracia. Tomé Abduch afirma ainda que estão “esticando a corda” contra os conservadores no Brasil.

“É importante salientar que não houve no caminhão do Nas Ruas qualquer faixa com ataque a nenhuma instituição. Nós valorizamos muitos as instituições e entendemos a importância delas para o país e queremos, por exemplo, Judiciário forte pelo país. Porém, nós percebemos que a corda foi esticada demais em cima dos conservadores e da liberdade de expressão desses conservadores”, disse.

Questionado sobre as próximas mobilizações, Abduch afirmou que os organizadores dos atos irão aguardar as manifestações dos membros de outros poderes. De acordo com ele, a intenção dos manifestantes era pedir a pacificação do país e de que a Constituição seja respeita pelos membros dos demais poderes.

“Estamos aguardando. Esperamos que haja um bom tom entre os poderes para pacificar o país e que haja um entendimento entre todos. Acho que todo mundo ali vai dar um passo atrás para entender que há uma população preocupada com o país. Ninguém quer cisão ou briga”, completou.

Já a vice-presidente do PTB, Graciela Nienov, comemorou que não foram registrados casos de vandalismo. Intitulada como “a voz de Roberto Jefferson [presidente nacional do PTB] enquanto ele estiver preso”, ela afirmou que "vandalismo é coisa da esquerda".

“A imprensa torceu muito para que acontecesse um único caso de vandalismo, de agressão, de confusão nas manifestações dos patriotas. Mas não teve nada o que falar sobre isso. Por quê? Porque quem vandaliza é a esquerda. Quem destrói é a esquerda. Patriotas amam seu país”, escreveu a vice-presidente nas suas redes sociais.

Foragido, caminhoneiro pede mobilização para impeachment de ministros do STF

O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, publicou em suas redes sociais um vídeo em que pediu que os manifestantes continuem a mobilização em Brasília para que pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sejam protocolados no Senado.

Zé Trovão é um dos organizadores das manifestações e está foragido desde a última sexta-feira (3), quando teve o pedido de prisão solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

"Amanhã [esta quarta], na frente do Senado Federal, todo o povo que está em Brasília todos juntos amanhã vai (sic) acompanhar, por favor, a comitiva que vai entregar lá no Senado o pedido, a exigência, a determinação popular, do impeachment dos ministros. E amanhã também será entregue para o presidente da República o mesmo pedido para que algum dos órgãos tome a sua ação imediata. (...) Essa semana tem que resolver o problema do Brasil, que eu não aguento mais ficar nessa m... aqui, não. Eu quero voltar a ter minha liberdade e o povo também", disse ele na gravação.

Até o momento não houve confirmação por parte da assessoria do Senado sobre a mobilização de manifestantes na Casa. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou as sessões de votações desta semana e apenas uma audiência com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está mantida para esta quarta-feira (8), mas de forma virtual.

Deputada elogia atos pró-governo, mas teme abertura de impeachment

Aliada do presidente Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) comemorou a adesão dos manifestantes aos atos favoráveis ao governo.

“Essa foi a maior manifestação de apoio ao presidente na história dos últimos dois anos e oito meses. Nós tivemos essa manifestação em meio a uma pandemia. E o Bolsonaro mostra nas ruas, apesar da narrativa que a esquerda tenta imprimir, um extremo apoio popular”, afirmou a deputada.

No entanto, em vídeo publicado nas redes sociais, a deputada bolsonarista afirmou que teme a movimentação de partidos para que um pedido de impeachment seja aceito pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Segundo ela, um pedido de impeachment contra Bolsonaro pode já está sendo “desenhado” por líderes políticos. Como exemplo, Zambelli citou a entrevista concedida pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, à CNN Brasil, em que ele citou a possibilidade de um afastamento do presidente caso ele cumpra as ameaças de não obedecer às decisões do ministro Alexandre de Moraes do STF.

"O impeachment de Bolsonaro, que talvez possa acontecer, é algo que já está sendo desenhado. Mal acabou a manifestação e o Kassab já estava ao vivo na CNN. Nada disso foi traçado hoje e desenhado nas últimas hora. Isso já está sendo tramado há muito tempo. Não existe impeachment de presidente popular como vimos hoje [na terça] nas ruas”, afirmou a deputada do PSL.

Na entrevista à CNN Brasil, Kassab comentou a fala do presidente Bolsonaro durante sua participação nos atos da Avenida Paulista. Na ocasião, o chefe do Palácio do Planalto afirmou que não iria cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes. “O presidente elevou o tom. Hoje a crise política teve a sua temperatura aumentada. Os discursos do presidente foram perigosos. Caso ele cumpra o que assumiu nas suas manifestações, cria condições pelo impeachment”, disse Kassab.

Ainda nas redes sociais, Carla Zambelli afirmou que “tom” dado pelo o presidente do STF, ministro Luiz Fux, será determinante para a pacificação do país. “As possibilidades que abrem pra gente nos próximos dias são gigantescas. Isso a gente vai saber quando o presidente Fux der o seu tom sobre o que ele achou sobre as manifestações e sobre o que ele acha das decisões arbitrárias e dos inquéritos inconstitucionais que têm sido levados a pé e a cabo pelo STF, isso vai dar um tom”, completou a deputada.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), já disse algumas vezes que pode acatar um dos pedidos de impeachment de Bolsonaro na ausência do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) – a quem cabe autorizar o início do processo de cassação de um presidente da República. “Não tenho dúvidas de que qualquer ato de violência contra o Congresso ou o STF em ato que teve a participação do Presidente da República tornará inevitável a abertura do processo de impeachment”, disse Ramos.

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