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Após as recentes declarações do ministro da Justiça, Flávio Dino, sugerindo interferência na Polícia Federal (PF), o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), condenou os excessos da corporação. Para Lira, “têm policiais indo além” do que deveriam. A declaração foi dada durante entrevista concedida à Folha de São Paulo, no último domingo (17).
“O governo tem que ter esse cuidado. O atual governo, eu tenho dito, tem que ter esse cuidado com alguns excessos que estão aflorando. Eles tinham sido resolvidos e estão aflorando de novo com muita particularidade [...] O que não deve ter é uma polícia política, para nada. Isso é o pior dos mundos. Nem um polícia com autonomia para fazer o que quer. Nós não temos isso. Polícia é órgão de estado para cumprir determinações legais”, afirmou Lira.
Semana passada, durante a transmissão de uma live, Flávio Dino apareceu parabenizando o novo ministro do Esporte, deputado André Fufuca (PP-MA), e dizendo: "Dinheiro eu não tenho, mas agora a Polícia em tenho". Horas depois do encontro, Dino disse que estava se referindo a sua contribuição para um programa de segurança nos estádios.
Em outra ocasião, ao discursar ao lado do presidente Lula (PT) durante a cerimônia de encerramento dos cursos de formação profissional da PF, no último dia 5, Flávio Dino condenou a atuação da corporação em governos passados e disse que agora a PF está a serviço da “causa” do petista e do Brasil.
Em junho deste ano, aliados de Lira viraram alvos de uma Operação da PF que investigava suposta fraude em contratos milionários de kits de robótica para escolas de Alagoas, reduto eleitoral do presidente da Câmara.
O caso foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Gilmar Mendes mandou paralisar as investigações.
Lira também admitiu que a Caixa Econômica está sob o seu comando e que indicações políticas para cargos no banco deverão passar pela sua aprovação.
Após o governo ceder dois ministérios e estatais para o PP e Republicanos, Lira diz que Lula terá tranquilidade para aprovar suas propostas na Câmara.
“A gente cristaliza a oposição hoje em torno de 120, 130 votos cristalizados. Então, 350, 340 votos, o governo deve estar numa base resolvida, eu penso. O acordo foi mais amplo, envolve outros partidos, tem parte do PL que quer fazer parte e já vota com o governo”, disse Lira.