Candidato de Lira à sucessão na Câmara, Hugo Motta, votou a favor do impeachment de Dilma em 2016.| Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), confirmou nesta semana que o PT condicionou o apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da casa em troca de uma futura vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).

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Hugo Motta foi um dos algozes da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment de 2016 e era visto por alguns parlamentares – como Elmar Nascimento (União-BA) – como um possível entrave para o partido apoiá-lo. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisou ser convencido por Lira para deixar este fato no passado.

“Acho que é lícito, mas [ainda] não tem a vaga. Se houver, o PT solicitou, sim, a indicação da bancada deles. Eles reclamam politicamente que nunca tiveram um representante no TCU e, quando tiveram candidatos, não tiveram êxito no plenário, que é a segunda etapa”, disse Lira em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta sexta (1º).

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Arthur Lira afirmou que a relação política com Lula é recente, mas que com os deputados é antiga, sinalizando a influência que tem na Câmara em fim de mandato e para fazer seu sucessor. Ao longo desta semana, Motta – com Lira na articulação – conseguiu amealhar pelo menos nove partidos para apoiá-lo: o próprio Republicanos, os rivais PT e PL, MDB, PP, Podemos, PV, PCdoB e União Brasil.

O apoio do União, no entanto, ainda passa por uma discussão interna em que chegou a retirar a candidatura de Elmar nesta quinta (31), mas o deputado depois veio a público dizer que segue no páreo e nada está decidido. Mesmo sem o partido, Motta já pode contar com os votos de 323 deputados, sendo que o mínimo para ser eleito presidente da Câmara é de 257.

“Em todas as oportunidades que o presidente Lula pôde falar, disse que eu teria a preferência de conduzir a minha sucessão. Sempre tivemos conversa boa. Da mesma forma como eu mantenho com o ex-presidente [Jair] Bolsonaro. O PL e o PT estão no bloco majoritário e vão ficar juntos no mesmo bloco agora da segunda mesa”, ressaltou Lira.

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Ainda de acordo com o deputado, as conversas com outros partidos seguem firmes para retirar de vez pelo menos as candidaturas do União Brasil e do PSD – Antônio Brito é um forte oponente de Motta. “Vou trabalhar muito para terminar essa jornada com todos os partidos organizados e continuar conversando. Tem tempo e tem espaço”, pontuou lembrando que a eleição para a presidência da Câmara será apenas em fevereiro do ano que vem.

Lira ainda minimizou as críticas que recebeu de Elmar Nascimento por ter apoiado publicamente Hugo Motta, sendo chamado de desleal. Disse que trabalhará “24 horas para que isso seja superado” e que mantém um “sentimento de muita amizade”.

Ainda sobre a relação com Lula, Lira se esquivou de opinar sobre uma eventual reforma ministerial para acomodar melhor os partidos do centrão, grandes vitoriosos nas eleições municipais deste ano. Afirmou que essa é uma decisão do presidente, mas sinalizou que tem um certo desconforto com o espaço que seu partido tem no governo.

“Acho até que, para o que o PP contribuiu com a presidência da Câmara, eu sou do partido, com as votações que apoiou e votos que deu, nós temos muito menos participação do que outros partidos. Quem tem que fazer essa avaliação, se está bom, se está ruim, se precisa melhorar, que rumos dar, é o governo. O governo é do presidente Lula”, completou.

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