O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira (15) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) centraliza o poder, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “descentralizava, acreditava e delegava”. A declaração foi feita em entrevista ao programa “Caminhos com Abilio Diniz”, da CNN Brasil.
Questionado sobre a comparação de interlocução entre o governo passado e o atual, o deputado apontou as diferenças nas gestões. “O governo Bolsonaro tinha tantos atores de articulação política, quanto o governo Lula? Não. O governo Bolsonaro tinha essas variáveis todas de comando? Não. Mas se tem uma diferença que hoje se notabiliza, é que o governo do ex-presidente Bolsonaro descentralizava, acreditava e delegava”, disse.
“O governo do presidente Lula não tem feito isso. Ele tem centralizado, não tem delegado e não tem acreditado. E essa diferença, hoje, se mostra de maneira muito aguda. É isso que estamos tentando dizer: ‘presidente, tem que delegar, acreditar e descentralizar'. Se não fizer isso, não vai”, acrescentou.
Durante a entrevista, Lira também defendeu a “autocontenção dos Poderes". “A demonização da política como aconteceu durante algum momento da vida pública do país não fez bem à democracia… A Câmara age dentro dos seus limites, ela busca respeitar os outros Poderes, busca ser um canal de diálogo permanente com a população”, apontou.
Executivo não governa sozinho
O presidente da Câmara voltou a dizer que o Brasil mudou e que o Executivo não governa sozinho. “O Executivo tem que entender, num conjunto geral do seu governo, que ele não governa sozinho. O mundo mudou, o Brasil não é o mesmo… É preciso que todos olhem ao seu redor e enxerguem que o momento é diferente”, afirmou.
Lira citou como exemplo a revogação na Câmara do decreto do governo Lula que modifica o marco de saneamento básico. O texto foi rejeitado pelos deputados e considerado uma derrota para o Executivo.
Lira disse que espera pautar a reforma tributária “possível” antes do recesso do meio do ano. Ele ressaltou que está tendo uma excelente interlocução com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar sobre o arcabouço fiscal, mas afirmou que o texto deve sofrer alterações.
“Dizer que o Congresso Nacional não pode alterar o texto é uma situação que beira o irracional. Lógico que a Câmara vai fazer alterações, é óbvio que o Senado também vai propor alterações, porque elas são sempre bem-vindas quando são discutidas e vem aprimorar”, disse. “Se nós conseguirmos neste primeiro semestre organizar a votação do arcabouço e da reforma tributária, essas votações não valerão o ano, valerão o mandato”, completou.
PL das Fake News
O presidente da Câmara comentou ainda a tramitação do projeto de lei 2630/20, conhecido como “PL das Fake News”. Lira citou a pressão das plataformas contra a proposta. No início do mês, o presidente da Câmara decidiu adiar a votação. Entre os motivos para o PL não ter sido votado, o presidente da Câmara citou os “interesses financeiros” das plataformas.
“Nós tivemos uma interferência muito forte das redes, no sentido de potencializar algumas coisas e minimizar outras, fazer uma narrativa de fake news para o projeto. Nós não podemos aceitar que no Brasil, por exemplo, a Câmara não possa debater, discutir, votar com independência", afirmou.
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