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Lira diz que governo pode perder votações se apoiar volta de comissões mistas no Congresso

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Arthur Lira diz que tem apoio do governo para manter atual rito de votação de medidas provisórias, ampliando impasse com o Senado. (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

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Em mais um capítulo do impasse entre a Câmara dos Deputados e o Senado sobre a volta das comissões mistas para a votação de medidas provisórias enviadas pelo governo, o presidente Arthur Lira (PP-AL) disse que tem apoio do próprio Planalto para manter o atual rito de análise dos projetos.

Em um pronunciamento no final da manhã desta quinta (23), Lira criticou o requerimento protocolado por líderes do Senado para a retomada da análise das MPs pelas duas casas, e disse que se o governo atender ao pedido de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a volta das comissões mistas, corre o risco de ver as propostas derrubadas no plenário da Câmara.

“Quero aqui deixar claro [que] eu recebi solicitação expressa do governo federal de manutenção do rito atual. Se o governo preferir as comissões mistas, ótimo, paciência. Vai arcar com o ônus de negociar as comissões mistas com 24, 36, 48 membros, e arriscar que as medidas provisórias caiam no plenário da Câmara e no plenário do Senado”, disparou logo após uma reunião que teve com líderes da casa.

De acordo com ele, o Senado teria mudado o texto enviado à Câmara sobre o rito das medidas provisórias, que o levou a pedir a reunião com o colegiado de líderes – que, diz, também não concordaram com a volta do rito adotado até o início da pandemia da Covid-19.

“Propôs um texto, mudou o entendimento. E agora vem com a truculência unilateralmente querendo instalar comissões mistas que são antidemocráticas, infrutíferas e palco de negociação de matérias que sempre trouxeram dúvidas e névoas para as medidas provisórias”, disse.

Enquanto Lira falava à imprensa sobre o impasse, Rodrigo Pacheco se reunia com líderes de partidos no Senado para decidir como ficaria a tramitação das medidas provisórias enquanto os presidentes não chegam a um acordo. Pouco depois, o senador disse que vai enviar à Câmara 13 propostas remanescentes do governo de Jair Bolsonaro (PL) para análise.

“Ontem [quarta, 22] eu determinei o encaminhamento das medidas provisórias do governo anterior para a Câmara dos Deputados, acatando inclusive a possibilidade de que sejam apreciadas no rito excepcional da comissão diretora. A Câmara deve votar essas medidas e o Senado também dentro do prazo. Em relação às medidas provisórias do governo Lula [Luiz Inácio Lula da Silva, PT] já com esse entendimento do Senado relativo à necessidade do restabelecimento da ordem constitucional, nós pretendemos também que as duas casas possam votar”, disse.

Na semana passada, Lira afirmou que as comissões mistas são “antidemocráticas” com os plenários das duas casas, e que elas impõem uma desproporcionalidade na participação de deputados e senadores. De acordo com ele, a Câmara fica “sub-representada” no formado, com 513 deputados representados por apenas 12, enquanto que o Senado é “super-representado” com 81 parlamentares representados também por 12.

Lira diz que Pacheco quer mudar competências das duas casas

Ainda durante o pronunciamento, Lira reforçou que todos os projetos necessários ao governo começam a tramitar na Câmara dos Deputados de acordo com o que rege a Constituição, e que o senado estaria querendo tomar para si essas atribuições.

“A Câmara é a casa iniciadora de projetos de lei, PECs [propostas de emenda à Constituição], MPs [medidas provisórias], projeto de lei complementar, PLNs [Projetos de Lei do Congresso], tudo o que o governo federal manda condicionalmente inicia-se na Câmara. E o Senado é simplesmente revisora (sic), e não quer ser, quer ter protagonismo”, disse.

Lira afirmou, ainda, que se o Senado dividir outras atribuições que têm, como indicações de ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, de agências reguladoras, de embaixadas, “a gente pensa em dividir atribuição”.

O presidente da Câmara disse, ainda, que tem o apoio de líderes da casa e que a pauta da casa, na semana que vem, será de segunda (27) a quinta (30) para analisar medidas provisórias de interesse do governo. Segundo Lira, o Senado tem 29 propostas paradas sem dar andamento.

“O que nós defendemos não é ir contra a Constituição, mas, numa proposta de entendimento das duas casas, de alterarmos a Constituição para chegarmos num rito mais atual e que atenda as demandas das duas casas de funcionamento. Não queremos afrontar a Constituição e muito menos declarar guerra ao Senado e nem o Senado à Câmara, isso não vai levar a canto nenhum. Não fui eu quem interrompeu conversas ou deixou de conversar, e não mandei textos e voltei com a minha palavra”, disse.

Segundo Lira, o Senado interrompeu as conversas com a Câmara desde a eleição da mesa diretora, no começo de fevereiro, e só retomou nesta semana para discutir a mudança no rito de tramitação das MPs.

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