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Abin
Presidente mudou diretores de parte da estrutura da Abin após exonerar “número 2” por envolvimento em esquema de espionagem.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

A demissão do diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite de terça (30) levou à dispensa de outros quatro diretores do órgão após a descoberta de um suposto esquema de espionagem ilegal.

Além da exoneração de Alessandro Moretti e a nomeação de Marco Aurélio Chaves Cepik no cargo de “número 2” da agência, Lula ainda designou mais sete novos diretores. Os nomes, no entanto, não foram divulgados.

Antes da decisão, Lula expressou preocupação quanto à possibilidade de demitir Moretti, a quem ele chamou de “cidadão” pelo envolvimento no esquema apurado pela Polícia Federal. Ele trabalhava sob o mando de Luiz Fernando Corrêa, homem de confiança do presidente, e se descobriu depois que ele teve uma reunião fora da agenda com o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), alvo de uma operação da PF na semana passada.

“E dentro da equipe dele tem o cidadão que está sendo acusado que mantinha relação com o Ramagem, que é o ex-presidente da Abin no governo passado, inclusive relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin”, disse Lula em uma entrevista mais cedo à rádio CBN Recife.

A PF investiga a suspeita de que a Abin tenha realizado espionagem, rastreando celulares de autoridades como políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório aponta cerca de 33.000 acessos de localização durante meses.

Também na terça (30), o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, afirmou que “há provas inequívocas” da existência do esquema dentro da agência, e que remonta há dois ou três anos. Além de Ramagem, a PF também mirou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como beneficiário e possível articulador.

Em uma conversa datada de 28 de março, Moretti, então diretor-adjunto da Abin, teria afirmado que o processo tinha “fundo político e iria passar”, contando com “apoio lá de cima”. O relatório enviado ao ministro do STF Alexandre de Moraes destaca a gravidade dos fatos, ressaltando o “possível conluio” entre os investigados e a alta gestão da agência.

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