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Manifestação em estrada contra a eleição de Lula.
Rodovias federais de 11 estados seguiam bloqueadas ou com interdições parciais, nesta quinta-feira (3), segundo a PRF.| Foto: Fernando Bizerra/EFE

De folga na Bahia desde a última segunda-feira (31), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não se manifestou publicamente sobre os bloqueios de estradas em todo o país. Até a manhã desta quinta-feira (3), rodovias federais seguiam com interdições totais ou parciais, segundo boletim da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A previsão é de que Lula volte para São Paulo apenas na sexta-feira (4), de onde irá despachar com os seus aliados.

Os bloqueios dos caminhoneiros começaram ainda na noite do domingo (30), após a apuração dos votos dar vitória a Lula na disputa com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o silêncio do presidente, que ficou mais de 48 horas sem se pronunciar após sua derrota no segundo turno, as manifestações se espalharam pelo país e foram registrados mais de 300 bloqueios em rodovias de ao menos 25 estados e no Distrito Federal.

Na terça-feira (1.º) a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), classificou os bloqueios como criminosos e afirmou que a ação era um problema do governo Bolsonaro e dos governos estaduais. “Isso é criminoso, né? São os arruaceiros do Bolsonaro. Eu espero que a Polícia coloque ordem nisso. É um problema do governo Bolsonaro, um problema dos governadores", disse.

Aliados de Lula tentam minimizar os impactos dos bloqueios das estradas e avaliam que é preciso dar um tom de "normalidade" para o país. A avaliação é de que Bolsonaro busca tumultuar o processo de transição após ter sido derrotado nas urnas.

PT tenta desmobilizar ações contrárias aos bloqueios por parte do MTST 

Em outra frente, Gleisi Hoffmann criticou a estratégia do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) para tentar desobstruir as rodovias federais. O MTST chegou a emitir uma nota convocando sua militância para atuar contra os manifestantes e apoiadores do presidente Bolsonaro pelo país. “A coordenação nacional do MTST orienta sua militância nos estados a organizar manifestações para desbloquear as principais vias de acesso, exigindo o respeito ao resultado eleitoral”, diz a nota.

No texto, o MTST também diz esperar ser "tão bem recebido quanto os bolsonaristas" pelas forças de segurança. "Nos últimos quatro anos, observamos no Brasil a construção de um governo autoritário e fascista. Foram inúmeras as manifestações de desrespeito aos princípios democráticos, com ataques à imprensa, ao livre direito de manifestação, às instituições e ao sistema eleitoral", afirma o movimento.

Para Gleisi Hoffmann, no entanto, o trabalho de desobstrução das vias cabe ao governo. "Nós não concordamos com isso porque isso é uma responsabilidade do Estado. E Estado tem que tomar as providências”, declarou a presidente do PT.

Bolsonaro pede desobstrução das estradas

Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais na quarta-feira (2), em que pediu para que seus apoiadores desobstruam as rodovias federais. O presidente disse que os apoiadores não "pensem mal" dele por causa do pedido, e criticou os bloqueios. "Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder nós aqui essa nossa legitimidade", afirma. 

O presidente disse ainda que "está tão chateado e tão triste" quanto seus apoiadores, mas que é preciso ter "a cabeça no lugar". "Mas tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias pelo Brasil; prejudica o direito de ir e vir das pessoas. Está lá na nossa Constituição [o direito de ir e vir], e sempre estivemos dentro das quatro linhas [da Constituição]", disse Bolsonaro.

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