O governador Eduardo Leite (PSDB-RS), do Rio Grande do Sul, vê que o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atua como nos anteriores, com uma agenda que se tornou antiga e defasada de desenvolvimento da economia. A avaliação dele, que é cotado para disputar a sucessão presidencial em 2026, é que a fórmula de Lula e governar “não muda estruturalmente o país”.
Eduardo Leite vê este encerramento do primeiro ano do governo com uma “fórmula antiga de desenvolvimento” que, segundo ele, “tem dificuldades de modernizar”. As afirmações foram dadas em uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo pulicada neste sábado (21).
“Do ponto de vista econômico, a lógica, que é a lógica do PT, tem menos cuidado com o gasto público. É uma agenda antiga, defasada, que não muda estruturalmente o país. Eles fazem um programa habitacional, construção civil aqui, fabricação de veículos ali, mas estruturalmente não dão colaboração numa nova lógica de desenvolvimento econômico sustentável para o país”, disse.
Apesar da crítica à “lógica do PT” e à agenda de Lula, Eduardo Leite elogiou a atuação do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, com quem diz ter um “bom diálogo”. Ele vê, ainda, que há uma “disposição maior ao diálogo” do ponto de vista institucional da presidência da República, sem conflitos com prefeitos e governadores “como observávamos no governo anterior”.
Leite evitou entrar em detalhes sobre um possível conflito entre estados, principalmente após o governador Romeu Zema (Novo) defender uma frente Sul-Sudeste contra o Nordeste. Ele diz que jamais foi a favor de colocar os governos uns contra os outros, mas que o objetivo do Conselho de Desenvolvimento do Sul e Sudeste (Cosud) é semelhante ao que o próprio Nordeste fez com o Consórcio Nordeste.
“A frente Sul e Sudeste acontece inspirada no que é a mobilização dos estados do Nordeste que souberam se organizar, superaram suas diferenças, o Nordeste não é uma coisa só. Cada estado tem sua característica, sabe superar suas diferenças para construir. Queremos fazer o mesmo em nossas regiões”, ressaltou.
Ainda durante a entrevista, Leite confirmou a intenção de se candidatar à sucessão presidencial de 2026, mas que isso não depende apenas dele. “Presidência da República é circunstância”, disse ressaltando que se define politicamente como de “centro, que não é Centrão”.
Para ele, também é necessário que o país “possa sair dessa polarização, de ir para uma eleição votando em um para evitar o outro”.
PSDB tenta se refazer para 2026
Em meados de agosto, o PSDB divulgou uma carta se posicionando contra o governo de Lula, fazendo o que chama de “oposição consequente”, mas que vai analisar cada proposta pedida pela presidência. E afirmou, ainda, que vai apresentar “propostas em 2026 para que a população brasileira tenha alternativa, não tenha de escolher entre o pior e o menos pior”.
O PSDB saiu menor nas eleições de 2022 na comparação com pleitos passados e registrou o pior desempenho em resultados eleitorais em 34 anos de história. Não elegeu nenhum senador ou governador em primeiro turno e viu as bancadas federais e estaduais diminuírem.
O baixo desempenho na eleição do ano passado fez o PSDB se tornar mais dependente da federação que formou com o Cidadania para cumprir a cláusula de barreira a partir do pleito de 2026, que será mais rígida. Os partidos elegeram juntos 18 deputados federais, sendo 13 tucanos – uma diminuição de 19 parlamentares na comparação com 2018.
Sem novos senadores eleitos, a bancada tucana no Senado Federal também registrou queda, de seis para quatro senadores. Nem mesmo figuras históricas do PSDB, como o ex-governador de São Paulo José Serra, o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, conseguiram se eleger em 2022.
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