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Em mais um episódio de diferenças com o agronegócio, que vem tendo uma relação conflituosa desde a eleição do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã desta quinta (15), que o problema com o setor é “ideológico”, e não de falta de dinheiro ou de um bom Plano Safra.
A afirmação foi dada durante uma entrevista a um grupo de rádios do estado de Goiás, onde Lula estará na sexta (16) para inaugurar um trecho da Ferrovia Norte-Sul, na cidade de Rio Verde.
Durante a entrevista, o presidente foi questionado sobre a relação com o setor, que já chamou produtores de “fascistas e negacionistas” em discursos oficiais. Lula disse que “o problema deles conosco é ideológico, não é problema de dinheiro a mais no Plano Safra” (veja na íntegra).
“Eu não quero saber se o produtor rural gosta de mim ou não. Não é isso que está em jogo”, disse ressaltando que “o que está em jogo” é a recuperação e aumento da capacidade produtiva do país sem desmatamento e sem queimada. Ele repetiu a informação de que há mais de 30 milhões de hectares de terras degradadas “que podem ser recuperadas e que podemos dobrar nossa produção agrícola”.
Lula diz que não trabalha para “tentar agradar a um setor ou a outro setor”, e o agronegócio é apenas um deles. Assim como em outras ocasiões, o presidente voltou a afirmar que a venda de maquinários agrícolas nos governos petistas anteriores tinha uma taxa de financiamento de apenas 2% de juro ao ano.
Em um aceno ao setor, Lula disse ainda que tanto os grandes produtores como os pequenos da agricultura familiar tem importância na agenda de governo, como a exportação de commodities e o abastecimento interno, respectivamente.
O presidente afirmou também que vai retomar a política dos estoques reguladores da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento, para minimizar efeitos de crises de alimentos no país para os produtores.