Lula e Alcolumbre
Estado do novo presidente do Senado será o principal beneficiado por royalties da exploração do petróleo.| Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou ao novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que destravará a exploração de petróleo na região da chamada Margem Equatorial que está exatamente no litoral do Amapá, terra do senador.

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O bloco é o que está sob análise e polêmica junto ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente de Marina Silva, por se localizar na área da foz do Rio Amazonas. A exploração está travada desde o ano passado por sucessivos pedidos de informações para se liberar a licença ambiental para a abertura de um poço de teste, para atestar a viabilidade e a qualidade do óleo disponível

A promessa a Alcolumbre foi feita nos bastidores da reunião que Lula teve nesta segunda (4) com ele e com o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em que também garantiu que não enviará nenhum projeto ao Congresso sem antes conversar com os líderes partidários.

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A exploração da Margem Equatorial, que já tem poços abertos em parte da costa do Nordeste, é estratégica para a Petrobras manter os altos estoques de petróleo para o futuro, com o esgotamento das jazidas já extraídas. Com isso, municípios do Amapá, terra de Alcolumbre, receberão royalties bilionários pela exploração – assim como já ocorre na vizinha Guiana Francesa.

A expectativa é de que as jazidas nesta região tenham um potencial tão grande como o petróleo do pré-sal, já explorado em outras partes do país. No entanto, por conta da localização na foz do Rio Amazonas – mas, ainda assim, bastante distante, a 540 quilômetros – a exploração está travada por questões ambientais,

Lula pretende destravar a exploração destes poços ainda neste primeiro semestre, para ficar o mais distante possível da COP 30 de Belém, em novembro. Isso porque a extração de petróleo – que é um combustível fóssil – pode levar o Brasil a ser visto com desconfiança por pregar a liderança mundial na transição energética, uma das principais bandeiras do presidente.

“Se explorar esse petróleo tiver problemas para a Amazônia, certamente não será explorado. Mas eu acho difícil, porque é 530 km de distância da Amazônia. Mas eu só posso saber quando eu chegar lá”, disse Lula em maio do ano passado.

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Já em novembro, em uma reunião com políticos do Amazonas, Lula reiterou a intenção de perfurar na região: “o presidente disse que vai também realizar essa obra importante. Nós estamos perdendo muito petróleo para a Guiana francesa, que está absorvendo esse petróleo. Isso é um campo só”, disse o senador Omaz Aziz (PSD-AM) após a reunião.

“Ele apenas disse que os estudos estão acontecendo e de que o governo deverá licenciar a área para poder fazer as prospecções de exploração e de pesquisa na região da faixa equatorial”, emendou o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Além dos políticos e do próprio presidente, o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também já declararam publicamente a favor da exploração.