O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (9) cinco ministros que vão compor o seu governo a partir de 1.º de janeiro. É a primeira leva de nomes que são confirmados pelo presidente após 40 dias do segundo turno das eleições. São eles:
- Fernando Haddad (PT), no Ministério da Fazenda;
- José Múcio, no Ministério da Defesa;
- Flávio Dino (PSB), no Ministério da Justiça;
- Rui Costa (PT), na Casa Civil;
- Mauro Vieira, no Ministério das Relações Exteriores.
Desses nomes, apenas Mauro Vieira não estava junto com Lula no anúncio, feito na sede do governo de transição, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) de Brasília. Vieira é embaixador do Brasil na Croácia, e está no país europeu.
Alguns desses nomes já estavam circulando na imprensa como prováveis escolhas há algum tempo. É o caso de Haddad à frente da Fazenda – o atual Ministério da Economia será desmembrado em três pastas: Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio e Serviços. Outra escolha que estava acertada era Múcio na Defesa.
Outros ministros podem ser anunciados a partir da próxima semana. Lula disse que o atual Ministério da Justiça e Segurança Pública também será desmembrado, assim como o da Economia. Flávio Dino ficará só com a Justiça.
Lula também disse que, no domingo (11), ele baterá o martelo sobre o número de ministérios e secretarias que irão compor sua equipe ministerial. "Isso vamos fazer até domingo à noite e na segunda-feira, depois da diplomação, eu vou tratar e terminar a montagem do nosso governo e nos preparar para, no dia 1º [de janeiro], começar a governar esse país", afirmou.
O presidente eleito assegurou que sua equipe ministerial terá diversidade. "Vocês vão ver que vamos colocar muita gente para participar, vai ter mulher, vai ter homem, vai ter negros, índios, vamos tentar montar um governo que seja a cara da sociedade brasileira na sua plenitude", declarou. A afirmação foi uma resposta às críticas de que não escolheu mulheres e negros neste primeiro anúncio para a Esplanada.
Lula disse que pretende ter muita atenção na criação dos ministérios e não fazer de forma "atabalhoada" e usou como exemplo o Ministério da Justiça, que deve ter a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) sob sua estrutura. "O companheiro Flávio Dino tem a missão de consertar o funcionamento do Ministério da Justiça, de consertar o funcionamento da Polícia Federal, pois queremos que seja uma carreira de Estado", disse.
Confira a seguir um pequeno perfil dos futuros ministros anunciados nesta sexta-feira:
Fernando Haddad
Haddad é formado em Direito e mestre em Economia. Porém, ganhou projeção nacional quando esteve à frente do Ministério da Educação (MEC), entre 2005 a 2012, nos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT). A partir dessa exposição, venceu a eleição para a prefeitura de São Paulo, que comandou de 2013 a 2017.
Antes disso, havia sido subsecretário de Finanças e Desenvolvimento da prefeitura de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy. Também foi assessor especial do ex-ministro Guido Mantega na Fazenda, onde ajudou a estruturar a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Ainda quando seu nome não havia sido confirmado, o mercado financeiro reagiu mal à indicação de que estaria à frente da principal pasta econômica do governo Lula. Isso se explica pelas defesas teóricas de Haddad, que revelou em sua trajetória acadêmica ser admirador das teses de Karl Marx.
José Múcio
Múcio já foi deputado federal, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ministro da Secretaria de Relações Institucionais entre 2007 e 2009, no segundo mandato de Lula.
Múcio é visto nos bastidores como um articulador político, com bom trânsito entre os militares. Inclusive, o nome dele foi anunciado após sondagens com militares da ativa e da reserva. Políticos próximos a Lula acreditam que ele pode pacificar a relação de Lula com os integrantes das Forças Armadas.
Rui Costa
Atual governador da Bahia, Rui Costa encerra seu segundo mandato em 1.º de janeiro e já assumirá a Casa Civil, uma das pastas mais importantes do governo federal. É formado em Economia e foi um dos fundadores do PT na Bahia, na década de 1980. Antes de entrar para a política, foi diretor do Sindicato dos Químicos e Petroleiros do Estado.
Durante o segundo mandato como governador da Bahia, Rui Costa aprovou a reforma da previdência no estado. Ele é visto como um perfil mais técnico e não deve assumir a articulação política do novo governo, mas sim cuidar de obras e programas estratégicos para Lula.
Flávio Dino
Ex-governador do Maranhão, Flávio Dino já vinha sendo cotado como o principal nome para o Ministério da Justiça e Segurança Pública desde que assumiu a liderança do grupo de trabalho dessa área no governo de transição. Em outubro, ele foi eleito senador pelo PSB, com 62,4% dos votos.
Dino é formado em Direito, foi juiz federal e iniciou sua carreira política em 2006, quando se elegeu deputado federal. Seu primeiro mandato como governador se iniciou em 2015. Ele deixou o cargo em abril deste ano para disputar o Senado. Em entrevistas que já concedeu durante o governo de transição, ele indicou que Lula pretende restabelecer o Estatuto do Desarmamento, revogando decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) que flexibilizaram a aquisição de armas por civis.
O futuro ministro da Justiça foi o único dos cinco anunciados por Lula que falou juntamente com o presidente eleito. Ele prometeu um "amplo diálogo" com "todos os profissionais da segurança pública" e até anunciou o próximo diretor-geral da Polícia Federal: o delegado Andrei Rodrigues. "Levamos em conta, sobretudo, a necessidade de restauração da plena autoridade e da legalidade nas polícias, também a experiência profissional, comprovada, inclusive na Amazônia brasileira, uma vez que o delegado Andrei exerceu suas funções na Amazônia brasileira, uma área estratégica para este governo e para a segurança pública", disse.
Mauro Vieira
O presidente Lula optou por indicar o ex-chanceler Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores. Ele já esteve à frente do Itamaraty entre 2015 e 2016, durante o governo Dilma. Atualmente, é embaixador do Brasil na Croácia.
Vieira é formado em Direito e é diplomata de carreira, com graduação pelo Instituto Rio Branco. Também já ocupou a chefia da Secretaria-Geral de Relações Exteriores e foi embaixador do Brasil na Argentina, entre 2004 e 2010, e nos Estados Unidos, entre 2010 e 2015.
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