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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a artilharia contra críticos do seu governo nesta sexta (16) ao atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alfinetar o governador Eduardo Leite (PSDB-RS), do Rio Grande do Sul, e chamar de “estelionatários” pessoas que supostamente hostilizam seus apoiadores.
Os ataques ao ex-presidente têm sido rotineiros em seus discursos e entrevistas, contrariando uma própria fala dele de que olharia para frente sem ficar relembrando o governo passado. Lula chegou até a ser orientado a não citar o nome de Bolsonaro em seus discursos e entrevistas, mas não durou muito.
Lula chamou Bolsonaro de “cidadão incivilizado” ao ser questionado pelos ataques que faz ao ex-presidente, durante uma entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Ele está na capital gaúcha nesta sexta (16) para participar de atos do governo.
Lula respondia a uma pergunta sobre a questão das emendas parlamentares, que ele é um forte crítico por conta do volume destinado neste ano a deputados. A crise pelas transferências instantâneas – as “emendas PIX” – podem tomar um novo rumo após o Supremo Tribunal Federal (STF) formar maioria para manter a decisão do ministro Flávio Dino de manter a suspensão dos pagamentos e a ordem para se apresentar a transparência dos dados.
O presidente afirmou que Bolsonaro não governava o país, e que acabou deixando o Orçamento com o Congresso. Neste ponto ele foi questionado sobre os sucessivos ataques que faz ao ex-presidente.
“Eu nunca tive relação com o Bolsonaro, e você viu durante a campanha [de 2022] que teve uma cena que ele queria encostar em mim e eu disse ‘não encosta em mim’. Porque ele é um cidadão incivilizado, eu não preciso da amizade dele”, disse ao ser questionado se cumprimentaria o ex-presidente em algum momento.
Ele ainda atacou os candidatos às prefeituras neste ano que são apoiados por Bolsonaro, afirmando que “é só você ver os candidatos que eles apoiam nas campanhas das prefeituras, como é que eles participam dos debates”, de que “não sabem discutir” propostas a favor do país.
Lula também criticou apoiadores do ex-presidente que supostamente praticam atos hostis contra outras pessoas, chamando-os de “estelionatários”. A crítica foi feita após o presidente dizer que tem saudades de quando as disputas políticas eram apenas entre o PT e o PSDB, que não havia discursos tão inflamados como há hoje.
“Hoje você tem a turma do ataque, as pessoas são ofendidas na rua, achincalhadas na porta de casa ou no restaurante. Todas as pessoas que ofendam alguém publicamente, você pode estar certa que aquela pessoa é 171 [artigo da Constituição que tipifica o crime de estelionato], ela tem problema com a polícia, é um estelionatário”, pontuou.
Crítica a Eduardo Leite
Ainda durante a entrevista à Rádio Gaúcha, Lula aproveitou para alfinetar o governador Eduardo Leite que, desde as enchentes em maio, tem sido reticente e contido na relação com o governo federal mesmo após o anúncio de medidas econômicas para a reconstrução do estado.
“Eu às vezes fico incomodado porque o governador ele nunca está contente com as coisas. O governador deveria um dia me agradecer ‘Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul’, porque o estado nunca foi tratado assim. É só ver se o Bolsonaro tratou o Rio Grande do Sul com respeito, só ver se tem um metro quadrado de obra que o Bolsonaro fez aqui”, disparou Lula.
Leite respondeu à crítica pouco depois, durante um evento do Minha Casa Minha Vida com Lula, que ele será sempre “bem-vindo” ao estado independente do posicionamento político entre eles.
“É claro que a gente tem visões diferentes em muitas questões de governo, ideológicas, programáticas. Mas, sobretudo, aqui, da minha parte, do nosso governo, sempre o respeito institucional a um governo eleito, à sua liderança como presidente da República, a sua equipe, será sempre bem-vindo ao estado. [...] O povo nos uniu”, pontuou.
O governador afirmou, ainda, que a suposta falta de agradecimento ao governo ocorre por "sucessivas dores" que o estado vem vivendo nos últimos anos. "O povo gaúcho não é mal- agradecido, não é ingrato, agradece todo o apoio que recebe do seu governo. Agradecemos os apoios que são alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população e do nosso estados, e demandamos", disparou Leite.
Lula pontuou, ainda, que Leite – mesmo sendo da oposição – apresentou ao governo demandas de R$ 31 bilhões em projetos, e que atendeu a maioria dos pedidos “com republicanismo” sem levar em conta o partido dele ou de prefeituras.
Ele também rebateu críticas de que o governo está demorando a entregar as casas prometidas à população após as enchentes de maio e que só agora começam a ser disponibilizadas aos atingidos. Lula relativizou afirmando que há muitas burocracia que dependem dos governos do estado e federal para procurar os imóveis, terrenos para construir novas moradias que não sejam em locais atingidos pelas enchentes, mas que pediu agilidade ao ministro Paulo Pimenta (Reconstrução do RS).