O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou contra o deputado francês Vincent Trébuchet (UDR) nesta quarta (27) após o parlamentar ter criticado os alimentos produzidos no Brasil, durante uma sessão na Assembleia Nacional da França na noite de terça (26).
A assembleia rejeitou o acordo entre a União Europeia e o Mercosul por 484 votos a 70, e seguiu na esteira das críticas feitas na semana passada pelo CEO da rede supermercadista Carrefour na França, que rebaixou a qualidade das carnes brasileiras. Isso levou a um boicote de frigoríficos brasileiros e, depois, a um pedido de desculpas dele.
“Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que achincalhou os produtos brasileiros, porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão de dinheiro. Nós vamos fazer porque estou há 22 anos nisso, e se os franceses não quiserem fazer, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia”, disparou Lula em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
O acordo está emperrado há mais de 20 anos e é alvo de fortes protestos dos agricultores franceses por conta da competitividade dos alimentos do Mercosul, mais baratos. Uma nova rodada de negociação – com expectativa de assinatura final – está prevista para a próxima semana durante a cúpula de chefes de Estado que será realizada em Montevidéu, no Uruguai, nos dias 5 e 6 de dezembro.
“A Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo e eu pretendo assinar este ano ainda”, pontuou Lula ressaltando a celebração de um grande acordo comercial e tecnológico com a China e de que está mirando agora estreitar relações com a Índia.
Trébuchet afirmou que “nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo” e que a carne brasileira é proveniente de vacas da raça charolesa francesa “em fazendas de 10 mil cabeças, engordada, condenada aos ferros, comendo soja transgênica, em um hectare onde antes havia a floresta amazônica, abatida sem dó nem piedade e empacotada em um cargueiro refrigerado”.
O presidente ainda mencionou que os ataques de outros países aos produtos brasileiros são normais, e que “o mundo é uma competição, o comércio é uma guerra. Nenhum país do mundo falará bem dos nossos produtos, da nossa indústria, do nosso agronegócio. Somos nós que temos que falar e vender”.
Lula disparou que o Brasil precisa crescer e que a última vez que isso ocorreu com consistência foi em 2010 – último ano de seu segundo mandato – e que, de lá para cá, “esse país caiu, caiu”.
Ataques ao mercado financeiro
Ainda durante o discurso no evento, Lula retomou a artilharia contra o mercado financeiro dizendo que especialistas da Faria Lima atuam como especuladores, que o crescimento da economia brasileira neste ano irá surpreender.
“A economia real sempre pode ser maior do que a economia teórica e dos discursos fictícios dos chamados ‘especialistas’ que de especialistas não têm nada. São muito mais especuladores do que especialistas, que estão sempre jogando a economia brasileira pra baixo, sempre desacreditando a economia”, disparou.
Ele ainda pontuou que “pessimistas” achavam que o Brasil cresceria, neste ano, no máximo 1,5% por falta de credibilidade e confiança na política fiscal. “E nós outra vez estamos surpreendendo os pessimistas. O crescimento certamente ultrapassará 3%”, completou Lula.
Pouco depois, Lula criticou o atual patamar da taxa básica de juros mesmo com a inflação controlada, na visão dele, – está em 4,76% no acumulado de 12 meses, acima do teto da meta de 4,5% – disparou contra análises da imprensa sobre o andamento das políticas econômicas.
“Se a gente ficar pensando em manchetes de jornais por gente que você nem sabe se tem capacidade de escrever o que escreve, a gente não anda. Eu adquiri o hábito de não me deixar levar por notícia ruim”, completou.
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