O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta (5) que o ex-ministro Abraham Weintraub, da Educação no governo de Jair Bolsonaro (PL), fez um “desserviço” na pasta. Lula também mencionou que tem compromisso com a responsabilidade fiscal e criticou quem diz que ele pode estar cansado.
O ataque ocorreu durante a cerimônia de inauguração de um novo prédio da Unifesp em Osasco (SP), que teve o projeto lançado por ele em 2008. Lula lamentou não ter entregue a obra até o final do governo dele em 2010 “um pouco pela burocracia, um pouco por alguma coisa, vontade de trabalhar do reitor, do ministro, do presidente”.
Lula afirmou que a entrega do prédio, ainda incompleto, não ocorreu antes nas últimas gestões “por falta de vontade do ministro”.
“Vocês estudantes desta universidade sabem fazer a diferença do que é um ministro da Educadao do meu governo, do que foi o Fernando Haddad [nas duas primeiras gestões dele], do ministro da Educação do outro governo que era desta universidade e era professor aqui. Não só santo de casa não faz milagre, como santo de casa da qualidade dele atrapalha e presta um desserviço ao país em se tratando de educação”, disparou Lula contra Weintraub em tom de palanque.
Weintraub era professor da Unifesp e foi demitido pela Controladoria-Geral da União (CGU) em fevereiro após uma investigação interna por faltas não justificadas.
Pouco depois, Lula afirmou que o Brasil nunca acreditou na educação do povo e repetiu um discurso constante de “briga de classes” em que os ricos mandavam os filhos para estudar no exterior enquanto que os pobres deveriam trabalhar, por isso o país foi o último da América do Sul a ter uma universidade pública.
“Tem gente da elite brasileira que não gosta que eu fale isso. Falam ‘não pode falar eles e nós, que somos todos iguais’. Não é verdade, nós não somos todos iguais. Tem gente que come 10 vezes por dia e tem gente que passa 10 dias sem comer”, disse efusivamente.
Responsabilidade fiscal
Lula ainda tocou nas recentes críticas de que tem “falado demais” principalmente nas críticas ao mercado financeiro e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta da decisão de manter a taxa básica de juros em 10,5% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês passado.
As críticas levaram à desconfiança de que o próximo indicado por ele para presidir a autoridade monetária tenha alinhamento ao Planalto e afrouxe a política monetária. Outras falas dele questionando a necessidade de cortes nos gastos públicos também geraram pessimismo e fizeram o dólar disparar entre a semana passa e essa, reduzindo a cotação somente após Haddad confirmar o compromisso de cortar R$ 25,9 bilhões em gastos obrigatórios do próximo orçamento.
“Os comentaristas políticos ficam incomodados, o Lula fala demais. Que bom que eu falo demais, porque houve um tempo que eu não falava. [...] Não adianta tentar criar caso comigo, não adianta falar de responsabilidade fiscal porque se tem uma coisa que eu aprendi com a dona Lindu [mãe dele] foi responsabilidade fiscal”, disse Lula ressaltando que seu governo “não vai quebrar” como pessoas que se endividam no cartão de crédito.
Ele ainda disparou contra pessoas que dizem que ele está cansado, fazendo uma comparação às criticas que vêm sendo feitas ao presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, que teve um desempenho abaixo do esperado no debate da semana passada contra Donald Trump para as eleições presidenciais deste ano.
“[Estão dizendo] que o Lula está cansado por causa do Biden, dos Estados Unidos. Todos que acham que eu estou cansado, convido a fazerem uma agenda comigo durante o meu mandato. Se ele aguentar levantar às 5h da manhã e ir dormir meia noite todos os dias, aí ele pode dizer que eu estou cansado”, disparou Lula apontando as viagens que têm feito desde a semana passada por estados do Nordeste e Sudeste.
Ele afirmou, ainda, que viaja no domingo (7) para o Paraguai participar da 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que será realizada na segunda (8) em Assunção, e depois para a Bolívia na terça (9) para uma visita oficial ao presidente Luís Arce, em Santa Cruz de La Sierra.
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