O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou a promessa, nesta terça (10), de criar uma “autoridade climática” para o enfrentamento aos efeitos da mudança do clima no Brasil. Essa foi uma das principais bandeiras dele na campanha eleitoral de 2022 para o meio ambiente junto da escolha de Marina Silva para o ministério, mas a agência em si não avançou e sequer foi citada na reestruturação da Esplanada no começo da nova gestão.
O anúncio da agência ocorreu durante uma cerimônia de medidas de combate ao fogo e de enfrentamento à grave estiagem que atinge a região amazônica, que fez 61 municípios do Amazonas decretarem situação federal de emergência. Mais de 330 mil pessoas estão sendo afetadas, diz o governo.
“Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos [climáticos extremos]. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal”, disse o presidente sem estabelecer um prazo para a criação.
Lula também assinou um decreto -- publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta (11) -- que cria o Comitê Nacional de Manejo do Fogo e o Centro Integrado para a coordenação das ações federais contra as chamas.
A promessa de criação do órgão foi fundamental para obter o apoio de Marina Silva para este terceiro mandato após anos de rusgas com o PT. No entanto, a criação da entidade não avançou no Congresso Nacional – que precisa aprovar a iniciativa – por conta da dificuldade do governo com a articulação política.
Desde o início desta nova gestão, a política ambiental de Lula tem sofrido derrotas por pressão de setores como o agronegócio e o centrão, como a redução da atuação dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e a aprovação do marco temporal – que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e é discutido em uma câmara de conciliação em que representantes dos indígenas e a Rede Sustentabilidade deixaram o colegiado.
Ao mesmo tempo em que reforçou a necessidade de políticas ambientais, Lula prometeu retomar a construção da BR-319, rodovia inacabada que ligará Manaus a Porto Velho. O projeto foi iniciado durante o regime militar e é alvo constante de críticas de ambientalistas e de comunidades indígenas, que alertam para o risco de desmatamento e invasão de terras por grileiros e garimpeiros ilegais.
“Não podemos deixar suas capitais isoladas. Nós vamos fazer isso com a maior responsabilidade, e queremos construir uma parceria de verdade [com o estado]”, disse Lula negando que Marina Silva seja contrária ao projeto.
Além da criação da autoridade climática, Lula anunciou outras medidas para mitigar os efeitos da grave seca que afeta a região. Entre as ações estão a criação de um fundo emergencial para apoiar as comunidades impactadas, a ampliação de programas de distribuição de água potável e o desenvolvimento de projetos de irrigação sustentáveis para a agricultura local.
O governo também planeja investir na construção de reservatórios e na criação de tecnologias de gestão hídrica. Para Lula, uma abordagem integrada é necessária para enfrentar as mudanças climáticas na Amazônia, combinando proteção ambiental com apoio às populações vulneráveis.
“A cada ano é mais seca, mais chuva, muito rápido, e isso tende a se agravar. Essas comunidades são as maiores aliadas do combate à mudança do clima pelo estilo de vida que têm”, destacou o presidente.
Lula também reforçou a meta de desmatamento zero e afirmou que o governo está empenhado em impedir o aumento da temperatura global. “As políticas de emergência estão sendo lideradas pelo ministro Waldez Góes, mas o presidente está trabalhando também em políticas estruturantes para que a gente tenha um plano de emergência climática e mecanismos constantes de evitar que a floresta seja destruída”, disse o presidente.
O presidente, no entanto, silenciou sobre a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), mais cedo, que determinou ao governo um reforço no efetivo de combate às chamas na Amazônia e no Pantanal em até cinco dias.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF