Lula ainda disse que “política do ódio” é um problema mundial e prega a construção de uma “nova narrativa para a democracia”.| Foto: reprodução/Canal Gov
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou as críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta (17) ao afirmar que ele não governou o país durante o mandato e que isso levou ao excesso de poder que a Câmara dos Deputados tem hoje – uma reclamação constante também do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, desde o início do governo.

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Lula afirmou que o ex-presidente era um “incompetente”, que falava mau do próprio Exército e que não é um político tão anti-sistema como se diz ser.

“Como o Bolsonaro é muito incompetente, ele nunca governou nada nesse país, porque ele é um homem do mal que saiu do Exército falando mal, quase é condenado, se meteu na política e diz que é contra o sistema, [mas] viveu 28 anos de mandato de deputado federal, mais dois na Câmara dos Vereadores”, disparou em entrevista à Rádio Metrópole de Salvador (veja trecho na íntegra), onde cumpre agenda ao longo do dia.

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A artilharia prosseguiu, em que Lula afirmou que Bolsonaro “é um cara que viveu da política o tempo inteiro às custas do Estado como tenente do Exército, como deputado e vereador, e diz que é ‘antissistema’”.

“Ele é o sistema, o sistema daquelas coisas que não prestam no país. Daquelas coisas que causam prejuízo ao povo”, emendou.

As críticas ao ex-presidente foram feitas no momento em que Lula foi questionado sobre a relação com a Câmara dos Deputados e a eleição do próximo presidente que vai suceder Arthur Lira (PP-AL) no ano que vem. Ele reconheceu que tem minoria nas duas casas do Congresso, mas que mantém uma relação institucional e que o governo conseguiu fazer passar todas as pautas prioritárias que enviou – “não é a Câmara que precisa do presidente da República, é ele quem precisa da Câmara”, pontuou.

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Pandemia e "nova narrativa" para a democracia

Lula também chamou o ex-presidente de “negacionista” durante a pandemia da Covid-19, o acusou de ter inventado remédio para o tratamento – sem citar qual, mas completado pelo entrevistador como sendo a cloroquina – e que pelo menos 300 mil pessoas das 700 mil vítimas podem ter morrido por causa disso – “devem ser debitadas nas costas dele e dos médicos que orientaram ele”.

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Ele ainda voltou a reclamar do atual pefil de políticos que disputam eleições, dizendo que “não são do bem e não fazem bem à sociedade” e que há uma “política do ódio” e da “ofensa pura” em vigor. Ainda fez referência à eleição de São Paulo em que um dos candidatos, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) foi altamente provocado em um dos debates.

O presidente comentou, ainda, que este é um problema mundial e que, recentemente, fez um encontro na Organização das Nações Unidas (ONU) com 14 países para “construir uma nova narrativa para a democracia”.

“A democracia é o melhor sistema de governo que a comunidade conseguiu criar, em que um metalúrgico pode chegar à presidência da República (em referência a ele próprio), que um índio como Evo Morales [da Bolívia] pode chegar à presidência, que uma mulher condenada a três anos e meio, como a Dilma [Rousseff] quando jovem, pode chegar à presidência da República”, citou reforçando a possibilidade de alternância de poder.

Lula ainda afirmou que um político precisa ser eleito com um devido programa de políticas públicas e que, se realmente fosse assim, ele deveria ter todo o apoio do agronegócio por conta do Plano Safra. “Nos dois Planos Safra, nós demos mais dinheiro do que em qualquer outro governo da história”, pontuou.

Um pouco mais cedo, na mesma entrevista, Lula disse governar como uma “encarnação do povo” e que pessoas comuns como catadores de papel, prostitutas, entre outros, têm acesso ao Palácio do Planalto. Também disparou que hoje há uma “joça” de políticos que disputam eleições “falando palavrão, utilizando fake news e mentindo na televisão”.

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