O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, na manhã desta quarta (13), que três fábricas de fertilizantes foram fechadas no Brasil nos últimos anos e que uma das que começou a construir no final da segunda gestão, em 2010, não foi terminada.
A crítica foi feita durante a visita a uma nova indústria de fertilizantes na cidade de Serra do Salitre, em Minas Gerais, onde aproveitou a cerimônia de inauguração do completo mineroindustrial para dizer que o fechamento das fábricas ocorreu por conta da “predominância de um complexo de vira-latas” do país.
“O país fechou muitas fábricas de fertilizantes porque aqui havia a predominância de um complexo de vira-latas, de achar que o Brasil era inferior, que não sabia produzir ou não podia produzir, que a gente tinha que vender o que a gente tinha e comprar o que a gente não tinha”, afirmou elencando o fechamento de fábricas no Paraná, em Sergipe e na Bahia.
Ele também comentou que uma fábrica de ureia em Três Lagoas (MS), que ele diz ter começado a construir na segunda gestão e que faltava apenas 15% para ser concluída quando terminou o mandato. De lá para cá, afirma, a obra não andou e, por conta da deterioração do tempo, hoje deve faltar 30% para a conclusão.
A crítica foi embasada por ele pela posição de destaque do Brasil na produção de alimentos no mundo, em que ele criticou que o país não é autossuficiente em fertilizantes, e que foi preciso ter a guerra da Rússia contra a Ucrânia para se perceber isso.
“Preciso acontecer a guerra entre a Rússia e a Ucrânia para que despertasse outra vez em muita gente nesse país a certeza de que o Brasil precisa de fertilizantes. E o Brasil já sabia da importância de fertilizantes, porque todo mundo sabe a qualidade da terra que nós temos”, completou.
Lula exemplificou a afirmação lembrando que o solo do cerrado brasileiro era improdutivo na década de 1970, e que, com o manejo, passou a ser um dos locais mais produtivos.
O presidente ainda reclamou que o café do Brasil, embora seja o maior produtor do grão no mundo, seja menos famoso que o da Colômbia, e que a Itália e a Alemanha ganham muito dinheiro por terem melhores torrefações e máquinas de preparo.
“Precisamos dar um salto de qualidade para que façamos jus ao grau de investimento que a gente fez em tecnologia, em ciência e genética desse país”, afirmou repetindo um discurso já dito em outras cerimônias relativas ao agronegócio quando se refere ao avanço do agronegócio brasileiro em grãos e proteína animal.
Para ele, o investimento da multinacional europeia Eurochem na Serra do Salitre é um reconhecimento e uma visão de futuro de que o Brasil está se transformando no que se dizia antigamente, de que é o “celeiro do mundo” não só de alimentos, mas de geração renovável de energia.
O grupo investiu mais de US$ 1,5 bilhão na planta e vai gerar 1,5 mil empregos. A expectativa é de produzir 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, o equivalente a 15% da produção nacional.
“Queremos deixar de ser um país importador [de fertilizantes]. Ano passado pagamos US$ 25 bilhões para importar fertilizantes para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários que geram empregos, salários e qualidade de vida aqui dentro”, concluiu o presidente convidando os representantes da Eurochem a investirem mais no país.
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