O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quarta-feira (10) sua primeira manifestação pública desde que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou seus processos no âmbito da Operação Lava Jato e, assim, tornou o petista apto a disputar eleições. Apesar disso, Lula desconversou sobre a possibilidade de ser o candidato do PT a presidente nas eleições de 2022. Mas o ex-presidente antecipou que quem for o candidato do partido vai tentar "polarizar" com o presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Lula afirmou que neste momento não tem "tempo para pensar em candidatura", mas que lideranças do PT irão percorrer o país na busca de alianças.
"Eu seria pequeno se tivesse pensando em 2022 neste instante. Sobre 2022, o partido vai sentar [para discutir o assunto]; e a candidatura só será definida quando chegar o momento de fazer as convenções. E isso só se dará no ano que vem. Agora, o partido colocou suas lideranças para rodar o Brasil para discutir a vacina, o emprego, a economia, como o [Fernando] Haddad está fazendo. A minha cabeça não está pensando em discutir 2022", desconversou o petista.
Sobre a possibilidade haver uma polarização entre o PT e o presidente Jair Bolsonaro em 2022, o ex-presidente disse que o PT nasceu polarizado. "O que acontece é que o PT polariza desde 1989, e eu fui para o segundo turno polarizando com o [Fernando] Collor. Depois, polarizamos... fui eleito polarizando com o PSDB. Fui reeleito polarizando com o PSDB, Dilma foi eleita polarizando com o PSDB. E, depois, o Haddad foi derrotado polarizando com o Bolsonaro. O PT é muito grande e não pode ter medo de polarizar. Se não, será esquecido", completou.
Lula fala de formar alianças com a esquerda, mas critica Ciro
Questionado por jornalistas se o PT pretende lançar candidatura ou se poderá integrar uma frente ampla com os demais partidos de esquerda, Lula afirmou que não descarta esse tipo de negociação. Mas disse que a formação de alianças só se dará no momento de definição das candidaturas.
Sobre a possibilidade de uma aliança com Ciro Gomes (PDT) para as eleições presidenciais do ano que vem, Lula afirmou que o pedetista precisa amadurecer. Descartando qualquer aproximação com os petistas, Ciro Gomes tenta viabilizar sua candidatura como contraponto ao PT e ao presidente Jair Bolsonaro.
“O Ciro Gomes me conhece mais que eu conheço ele. O Ciro Gomes sabe quem eu sou. Ele precisa reconhecer a responsabilidade que ele, como um homem de 64 anos, precisa ter. Ele tem que respeitar as pessoas, ele não pode ofender a Dilma [Rousseff] como ofendeu. Se ele continuar com essas grosserias todas ele não vai ter o apoio da esquerda, não terá a confiança da esquerda e ele terá menos votos que em 2018. Não é possível ele passar a ideia que é tão inteligente e ser tão ignorante”, disse.
A grosseria a que se referiu Lula foi uma declaração de Ciro, na segunda-feira (8) sobre o que achava da ex-presidente Dilma. Ciro afirmou: “Outro aborto que aconteceu na história brasileira".
Ciro Gomes e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, chegaram a ser convidados para a participar do pronunciamento de Lula. Mas ambos não compareceram.
Lula minimiza união do centro e alfineta Luciano Huck
Apesar das críticas a Ciro, Lula afirmou que uma frente de esquerda é mais provável que uma frente de centro nas eleições de 2022.
“Uma frente de esquerda é mais fácil construir para produzir um programa de luta contra o que está acontecendo com a direita. Mas esse programa pode envolver setores conservadores. Se colocar na frente a questão eleitoral, trunca qualquer negociação. Vejo muita gente falar sobre frente ampla, mas o que se fala agora é frente de esquerda. Ela será ampla se conseguirmos conversar com outras forças políticas. É possível? É. Nos estados brasileiros, temos vários governadores eleitos em aliança ampla. Veja o Flávio Dino [do PCdoB, no Maranhão], o Rui Costa [PT, Bahia]. Quando chegar a época da eleição as coisas vão acontecer. Não estou preocupado com isso agora. Só o Ciro está preocupado e ele quer agradar quem?”, afirmou Lula.
Além disso, o ex-presidente aproveitou para rebater críticas do apresentador de TV Luciano Huck, que estuda a possibilidade de também disputar a Presidência. Logo após de Fachin que beneficiou o petista, Huck comentou sobre a possibilidade de Lula se candidatar: "figurinha repetida não completa álbum". Lula rebateu: "Huck tá falando de figurinha? Mas ele não conhece figurinha, porque figurinha repetida carimbada vale pelo álbum inteiro."
Petista fala das condições para que o mercado tenha "medo" dele
O ex-presidente reagiu ao ser questionado por jornalistas sobre a reação do mercado financeiro logo após a anulação de seus processos na Lava Jato. Na segunda-feira (8), a Ibovespa caiu quase 4% e o dólar subiu 1,67%, fechando em R$ 5,78.
“Eu às vezes fico encabulado e injuriado com determinadas coisas que se fala. Porque o mercado tem medo de mim? Esse mercado já conviveu oito anos no meu governo e mais seis anos no governo da Dilma. Qual é a lógica do mercado ter medo? Eu sou contra a autonomia do Banco Central; é muito melhor o Banco Central que está nas mãos do governo que na do mercado. O que o mercado quer? Ele quer ganhar dinheiro investido em coisas produtivas? O mercado quer ganhar dinheiro vendo o povo consumindo nesse país? Então tem que votar em mim. Agora, se o mercado quiser, a minhas custas, vender a soberania nacional, tenha medo de mim. Se o mercado quer que eu libere armas, não vote em mim. Eu vou distribuir renda, vou gerar emprego e vou vacinar população”, disse Lula.
Ex-presidente diz que foi vítima de mentira jurídica
Para o pronunciamento, o petista escolheu seu berço político, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. O local é o mesmo onde saiu preso em 2018 depois da condenação no caso do tríplex.
“Faz quase três anos que eu saí desse sindicato para me entregar a Polícia Federal. Fui contra a minha vontade. Sabia que estavam prendendo um inocente. Tomei a decisão de provar a minha inocência perto do juiz Sérgio Moro”, disse Lula.
Sobre os processos e condenações na Lava Jato, o ex-presidente afirmou que foi a “maior vítima da mentira jurídica em 500 anos”.
Em discurso voltado para o seus apoiadores, o petista aproveitou para fazer críticas sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro. Em outra frente, fez aceno para os militares. “Um presidente da República não é eleito para falar bobagem ou fake news, não é para falar que a sociedade está precisando de armas. Quem está precisando de arma são as nossas Forças Armadas. Quem está precisando de arma é a nossa polícia, que muitas vezes sai para combater o crime com um 38 velho enferrujado".
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