Nesta quinta-feira (24), o presidente Lula se encontrou com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em Joanesburgo, na África do Sul, durante a Cúpula do Brics. O petista celebrou o ingresso do país no Brics em foto lado a lado com Raisi, que é acusado de envolvimento na execução de milhares de prisioneiros e leva o apelido de "carniceiro de Teerã”.
Raisi foi eleito presidente em 2021 em uma eleição marcada por polêmicas e por uma ausência massiva da população às urnas. Isso porque adversários do então candidato foram impedidos de concorrer e, como consequência, lideranças de oposição pregaram boicote ao pleito.
Mesmo nesse contexto, o Partido dos Trabalhadores (PT) fez questão de fazer uma nota formal de saudação a Raisi, enquanto a comunidade internacional acompanhava as inúmeras denúncias de favorecimento à eleição do iraniano. A nota foi assinada pela atual presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann.
A atuação de Raisi no chamado “comitê da morte” foi denunciada pela Anistia Internacional em 2018. Segundo o relatório da ONG, as execuções teriam acontecido entre o final de julho e o início de setembro de 1988. Os corpos de ao menos três mil vítimas teriam sido enterrados em valas comuns não identificadas.
"O fato de Ebrahim Raisi ter chegado à presidência em vez de ser investigado pelos crimes contra a humanidade de assassinato, desaparecimento forçado e tortura é um lembrete sombrio de que a impunidade reina suprema no Irã", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard.
De acordo com o Ranking de Democracia do jornal inglês The Economist, o Irã ocupa o 154º lugar em uma lista de 167 países e territórios e não é considerado uma democracia, mas um regime autoritário. O Brasil ocupa 51º lugar no ranking.
Nesta semana, o Irã passou a integrar o Brics junto a outros países que vivem sob regimes autoritários – o ingresso dessas nações contou com o apoio de Lula, que desejava trazer outras ditaduras ao bloco, como Venezuela e Cuba.
O Irã é um dos maiores aliados da Rússia e possui relação bastante hostil com os Estados Unidos. Neste ano, Ebrahim Raisi fez turnê em três países que são vistos como “párias internacionais” devido à ocorrência de crimes contra a humanidade em série em seus territórios: Venezuela, Cuba e Nicarágua – parte dos ditadores que comandam esses países com mão de ferro mantêm proximidade com o PT.
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