O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja ao Chile neste domingo (4) para, entre outros assuntos, tratar da conclusão do chamado Corredor Bioceânico, caminho que ligará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do Norte do país para melhorar o escoamento de exportações para a China. Também se reunirá com o presidente Gabriel Boric -- com quem teve rusgas há um ano -- para tratar de assuntos regionais e internacionais.
De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o corredor será concluído “em pouco tempo” e a discussão agora é para garantir a agilização dos serviços fronteiriços e logísticos, além do desenvolvimento da infraestrutura da rota.
“Estamos começando a conversar sobre as aduanas, porque isso vai servir para escoar, da mesma maneira que outros corredores, nossas exportações do Centro-Oeste, de commodities, para a China, com uma economia significativa. Sem contar o desenvolvimento do próprio corredor. Ou seja, ao existir uma estrada, tem posto de gasolina, restaurante, então você vai criando um movimento ao longo da própria estrada”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe da pasta.
Encontro com Boric após rusga na Europa
Além de tratar do Corredor Bioceânico, Lula também terá uma reunião com o presidente chileno Gabriel Boric – também de esquerda – na segunda (5) sobre “temas importantes da agenda regional e internacional”.
O Itamaraty, no entanto, não divulgou a pauta – principalmente em relação à atual situação de crise na Venezuela, em que o Chile já se mostrou contrário à reeleição de Nicolás Maduro, enquanto que o brasileiro mantém uma posição diplomática pedindo a divulgação das atas eleitorais que comprovem o resultado do pleito. O embaixador chileno em Caracas foi expulso do país pelo regime chavista.
A reunião de Lula e Gabriel Boric ocorre, ainda, um ano depois dos dois presidentes terem tido uma rusga em declarações sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que o presidente brasileiro relativizou e chegou igualar a responsabilidade de país invadido ao invasor – e criou uma crise com o ucraniano Volodymyr Zelensky.
"Hoje é a Ucrânia, e amanhã pode ser qualquer um de nós", disse Boric na época durante a cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Boric defendeu que a declaração final adotasse uma postura mais crítica à Rússia. Lula, no entanto, foi contra e alegou que aquele não era o momento ideal.
“Eu não tenho por que concordar com o Boric, é uma visão dele. Eu acho que a reunião foi extraordinária, Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso, mais apressado, mas as coisas acontecem assim”, disse Lula na época.
Gabriel Boric respondeu e disse que "não me sinto ofendido [com a declaração de Lula], me sinto tranquilo. Hoje podemos ter nuances a respeito disso, mas a posição do Chile é de princípios e nisso acho que temos que ser categóricos, não podemos deixar margem para dúvidas".
Expansão da agenda bilateral
Além de Boric, Lula se reunirará com os presidentes do Legislativo chileno e com lideranças empresariais do país. O objetivo, segundo a chancelaria brasileira, é “expandir a agenda bilateral para trabalhar no sentido de uma amizade sem limites”.
“Ou seja, que vai além dos temas econômicos e comerciais e caminha para temas como ciência e tecnologia, defesa da democracia e direitos humanos, inovação, educação e saúde. Temos uma agenda densa e que abrange vários aspectos e isso é importante”, disse Padovan.
As relações bilaterais entre Brasil e Chile foram estabelecidas há 180 anos, sendo o país o maior parceiro comercial da nação andina, com um fluxo de US$ 12,25 bilhões em exportações como petróleo, automóveis e carnes e importações de cobre, pescados e minérios.
Também estão previstos acordos voltados às áreas de turismo e consulares, como facilitar o fluxo turístico entre os dois países, treinamento e assistência técnica, reconhecimento recíproco de Carteiras de Habilitação, certificação de orgânicos, entre outros.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF