O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta terça-feira (26) o indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Até então, o pré-candidato petista vinha sendo orientado pela cúpula do partido para se manter de fora da discussão como estratégia para não cair em "armadilhas de Bolsonaro".
Apesar disso, Lula classificou o decreto da graça como uma "estupidez" que demonstra a "mediocridade" de Bolsonaro. "Eu acho que Bolsonaro foi estúpido quando fez essa graça que ele fez. Ele acha que é graça mesmo, não do ponto de vista jurídico, mas graça de sorrir. Eu acho que ele foi medíocre", afirmou Lula durante coletiva.
Mais cedo, o ex-presidente já havia afirmado que o atual presidente "vive" para desrespeitar as instituições. "Você não tem um presidente da República que governa o país, você tem um presidente que se preocupa todo dia em tentar criar uma polêmica na sociedade porque ele vive disso. Ele vive de desrespeitar as instituições, de desrespeitar as autoridades, a relação internacional, de desrespeitar a lógica da ciência", completou o petista.
Segundo o ex-presidente, ele ainda não havia comentado o decreto assinado por Bolsonaro, pois o presidente tomou a decisão de propósito, para "roubar os holofotes da mídia durante o Carnaval". "Eu nem comentei nada porque tudo o que ele queria é o que aconteceu. Ele abafou o Carnaval. Ele disse isso na quinta-feira e ficou quinta, sexta, sábado, domingo, segunda e terça no auge do noticiário. Porque tudo o que ele quer é que permaneça no noticiário e não tem interesse se é coisa boa ou ruim", disse Lula.
PT defende "silêncio" sobre o indulto como estratégia de Lula
Nos bastidores, integrantes da cúpula do PT afirmam que o silêncio de Lula foi adotado como forma de cautela para não cair em "armadilhas" do bolsonarismo. Para Lula, a estratégia do presidente foi de transformar o decreto em ato político a isso será usado como forma de pautar as eleições.
"Ele [Bolsonaro] tem o direito de fazer o indulto. A Suprema Corte tinha condenado o cidadão a nove anos de cadeia, porque esse cidadão desrespeitou a instituição, ofendeu, xingou (...). Não sei se está certo também porque não sou advogado. Ele [Bolsonaro] transformou isso em um fato político que a imprensa não fala em outra coisa desde quinta-feira", disse.
De acordo com o ex-presidente, o destaque dado ao decreto beneficia Bolsonaro e seus aliados. "Se o deputado [Daniel Silveira] for candidato vai ter o triplo de votos que teve na outra vez porque ele ficou conhecido. Então o Bolsonaro vive disso. Ele não está preocupado que você fale bem dele, pois ele não trabalha para o Brasil. Ele trabalha para o seu exército, pois o que ele fala é replicado no Brasil inteiro", completou o petista.
Apesar das declarações, Lula evitou questionar a constitucionalidade do decreto de Bolsonaro. O entorno do ex-presidente defende que a medida seria uma forma de não dar repercussão para a estratégia do presidente Bolsonaro.
Além disso, petistas afirmam que qualquer movimentação teria que ser feita por parte do partido e não pelo pré-candidato. Em ação protocolada no STF, o PT afirma que o decreto do presidente é uma “afronta” a separação dos Poderes e aos princípios da impessoalidade e moralidade administrativa.
"Ao conceder graça a uma pessoa condenada no dia anterior pela Suprema Corte do país, o presidente da República afronta diretamente esse princípio basilar, que sustenta, ao lado de outros princípios constitucionais, a democracia brasileira", argumentou o senador Fabiano Contarato (PT-ES).
Pré-candidatos criticaram indulto de Bolsonaro
Até então, o ex-presidente Lula era um dos poucos pré-candidatos ao Palácio do Planalto que ainda não havia comentado o indulto assinado por Bolsonaro. O silêncio do petista chegou a ser criticado, por exemplo, pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Ciro disse que Lula não condenou a ação por "já se julgar eleito". Afirmou ainda que caso eleito, o petista pretende usar o mesmo poder para perdoar crimes de "companheiros íntimos". "[Lula] pretender usar, se eleito, do mesmo expediente de Bolsonaro para indultar dezenas de companheiros íntimos que ainda têm contas a pagar à justiça. Seria uma lista assombrosa em quantidade e má qualidade", disse o pré-candidato do PDT.
Já o ex-governador João Doria (PSDB) disse que, se eleito, não concederá indultos a condenados pela Justiça. Em nota divulgada à imprensa, a senadora e pré-candidata pelo MDB, Simone Tebet classificou o decreto como "crime de responsabilidade" e "golpe contra a democracia".
O pré-candidato pelo Avante, deputado André Janones afirmou que “agora, bandido bom é bandido perdoado”. Já Vera Lúcia (PSTU) disse que o decreto de Bolsonaro é a “defesa da ditadura”. Leonardo Péricles (UP) disse que Bolsonaro não pode “continuar rasgando a Constituição para acobertar seus amigos fascistas”.
Sofia Manzano (PCB), Eymael (DC), Luiz Felipe d’Ávila (Novo) e Luciano Bivar (União Brasil) não se manifestaram.
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