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Durante coletiva de imprensa no encerramento de viagem oficial à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou pela primeira vez a morte de Alexei Navalny, o principal opositor do presidente russo Vladimir Putin. Lula afirmou que o atraso brasileiro para se manifestar oficialmente sobre o ocorrido é uma “questão de bom senso”.
“Se a morte está sob suspeita, temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu”, afirmou. “Eu até compreendo os interesses de quem acusa imediatamente: foi fulano. Mas não é o meu mote. Eu espero o legista que vai fazer o exame”, concluiu Lula.
Navalny morreu em uma prisão na Sibéria na última sexta (16). O autocrata russo tem sido responsabilizado por mandatários de diversos países e por seus opositores pela morte. A porta-voz da oposição russa, Kira Yarmysh, afirmou em sua conta no X, antigo Twitter, que “os familiares e o advogado de Navalny receberam a confirmação oficial da morte de Alexei. Putin o matou”.
Em suas declarações, Lula defendeu a espera pela determinação de médicos legistas russos sobre as causas da morte de Navalny “para poder fazer um pré-julgamento”. “Senão você julga agora que foi não sei quem que mandou matar e não foi. Depois você vai pedir desculpas? Para que essa pressa de acusar alguém”, questionou o presidente.
Lula aproveitou a situação para mencionar a morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, ao afirmar que espera há seis anos pelos esclarecimentos de quem foi o mandante do assassinato. “E não estou com pressa de dizer quem foi que matou. Eu quero achar. Não quero especulação.”
Em relação à Navalny, que ficou inconsciente e morreu na sexta-feira (16) após uma caminhada na colônia penal siberiana “Polar Wolf”, Lula ainda afirmou que não se sabe se ele estava doente, se tinha algum problema.
O presidente chegou a comparar a situação do opositor do regime russo à de um homem que morreu no voo que levou os ministros brasileiros para a Etiópia. “A gente vai culpar quem? Tem que fazer a perícia para depois dizer o seguinte: olhe, esse cara teve tal coisa e morreu. Porque senão é banalizar uma acusação”, acrescentou.
Acompanhada por um advogado, a mãe de Navalny, Lyudmila, de 69 anos, se locomoveu até a prisão siberiana, localizada a 1.900 quilômetros a nordeste de Moscou. No sábado (17), ela foi informada de que seu filho morreu em razão da “síndrome da morte súbita” e que o corpo não seria entregue à família até a conclusão das investigações.