Recriação da comissão atende com atraso a pedido do MPF. Colegiado foi encerrado pior Bolsonaro no final de 2022.| Foto: reprodução/Canal Gov
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reativou nesta quinta (4) os trabalhos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos durante a ditadura militar. O colegiado havia sido interrompido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no final de 2022.

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De acordo com o despacho publicado na edição do dia do Diário Oficial da União (DOU), Lula determina a “continuidade das atividades da Comissão Especial” (veja na íntegra). O colegiado atuou entre dezembro de 1995, quando foi criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), até dezembro de 2022.

Se espera para esta quinta (4) também a publicação de um decreto com os novos integrantes da comissão.

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Em meados de março deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao governo reinstalar a comissão em até 60 dias – ou seja, foi reativada com atraso. A solicitação foi enviada diretamente ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

A promotoria afirmou que a continuidade da comissão é essencial para o cumprimento das condenações impostas ao Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), como nos casos Gomes Lund, da Guerrilha do Araguaia, e Vladimir Herzog.

O ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, afirmou que as Forças Armadas estão prontas para colaborar com a comissão. Havia a expectativa de que os militares poderiam ter alguma resistência com a reativação do colegiado.

"Não foi uma surpresa para nós, já estávamos esperando e estamos prontos para colaborar na retomada dos trabalhos da comissão", disse em entrevista à GloboNews ressaltando que a retomada é uma questão humanitária e que o ministério se solidariza com os familiares das vítimas.

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Nas decisões da Corte IDH, o Brasil foi condenado a “realizar esforços para determinar o paradeiro das vítimas, identificar e entregar os restos mortais a seus familiares” e a reconhecer que crimes contra a humanidade não devem prescrever, evitando a impunidade dos responsáveis.

O documento do MPF enfatizava que, para a comissão funcionar adequadamente, seria necessário alocar recursos humanos e financeiros, além de garantir a permanência da instância colegiada até que todas suas competências legais sejam concluídas.

A extinção da comissão, segundo o MPF, foi prematura, pois há casos pendentes que exigem medidas administrativas, incluindo o reconhecimento de vítimas e registros de óbito. Entre esses casos estão desaparecimentos na Guerrilha do Araguaia, na Vala Perus e no Cemitério Ricardo Albuquerque.

Desde 2014, a Comissão Nacional da Verdade documentou 191 mortos e 210 desaparecidos durante a ditadura, com 33 corpos posteriormente localizados, totalizando 434 casos.

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