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Articulação

Lula pode passar quatro anos sem base no Congresso, diz presidente do Republicanos

Marcos Pereira
Para o deputado Marcos Pereira, a relação de Lula com o Congresso não depende mais apenas de cargos e emendas. (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

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Quatro anos de muita dificuldade e com aprovação ou não dependendo de cada projeto que for enviado pelo governo. É assim que o presidente do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira (SP), classifica a como será a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a Câmara dos Deputados, onde ele afirma que não há uma base sólida – nem mesmo com cargos e liberação de emendas.

O deputado diz que, por mais que Lula tenha entrado nas negociações com os parlamentares, as votações vão depender de um projeto para o outro, ora com mais votos e ora com menos.

“Acho que o governo não vai ter base ao longo dos quatro anos. Ele pode ter um pouco mais de boa vontade ou um pouco menos de boa vontade dependendo do momento e da pauta. Por exemplo, ninguém vai votar contra o Minha Casa, Minha Vida, a não ser um ou outro que é oposição por oposição, como eles faziam também. Bolsa Família, não tem como votar contra”, disse em entrevista ao Estadão publicada nesta quinta (15).

Para Marcos Pereira, o governo vai precisar começar a escolher as pautas que pretende “enfrentar” na Câmara dos Deputados. A liberação de emendas, diz, é necessário e deixa o parlamentar com “mais boa vontade”, mas isso “não quer dizer que liberar vai resolver todos os problemas”.

Pereira explica que tudo vai depender da coincidência de prioridades entre o governo e o Congresso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. Mas, projetos que sejam conflitantes vão depender de uma articulação mais específica, principalmente frente ao perfil dessa nova legislatura.

“Se ele [deputado] já tem uma pauta contrária e ele não está sendo atendido, a tendência de ele ser mais reativo é natural também”, analisa o parlamentar.

O presidente do Republicanos vê que o governo tem, no máximo, 136 ou 137 votos da base, e que mesmo partidos com ministérios, como o MDB e o PSD, vão analisar projeto a projeto antes de votar. Para ele, não existe mais o mesmo “presidencialismo de coalizão” de quando Lula foi presidente entre 2003 e 2010.

Ele diz que a relação do governo com o Congresso mudou já a partir da gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), em que houve uma aproximação maior com os parlamentares. Isso foi reforçado com Jair Bolsonaro (PL) “com a questão das emendas de relator”, e hoje um deputado “tem R$ 32 milhões em emendas impositivas, que o governo só tem que pagar”.

“Então o parlamentar está menos dependente do Executivo. É isso que o governo precisa entender, por isso tem de negociar pauta a pauta”, ressaltou.

Marcos Pereira reforçou ainda que o Republicanos não se interessa em fazer parte de um governo “que não tem uma pauta econômica liberal”, mesmo se for oferecido um ministério, e que o partido já tem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como seu representante na centro-direita. O deputado disse, ainda, que apenas “no máximo 15” deputados, dos 42 da bancada, querem ser do governo.

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