As negociações para fechar o pacote de corte de gastos do governo seguem nesta sexta (8) com um impasse entre a equipe econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros da área social. A expectativa de que houvesse uma definição ainda na quinta (7) não se concretizou e uma nova reunião será realizada às 14h para tentar destravar a discussão.
De acordo com a agenda oficial do presidente, esta nova rodada de negociação terá, além da equipe econômica, os ministros Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Nísia Trindade (Saúde), que devem ser atingidos pelos cortes. Já Carlos Lupi (Previdência), ainda não está confirmado – ele ameaçou pedir demissão se seu ministério entrar no pacote de cortes.
Como não houve acerto ao longo desta semana, embora o ministro Fernando Haddad (Fazenda) tenha dito que já estava tudo encaminhado, ele e Simone Tebet (Planejamento) tiveram de cancelar viagens que fariam nesta sexta (8). Agora, há a expectativa de que uma definição deve sair até à noite.
Enquanto isso, o mercado financeiro está de olho no que deve ser divulgado. Durante a quinta (7), com a previsão de que haveria algum anúncio, o índice de ações da bolsa de valores de São Paulo – a B3 – operava em alta. Mas, com a falta de alguma definição do pacote, recuou e fechou em queda de 0,5%, e o dólar subiu a R$ 5,69.
À noite, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), responsável pelo pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), divulgou uma nota informando que nenhum benefício será cortado. Havia a perspectiva de que o BPC poderia ter uma redução considerável.
“Não vamos, no Ministério do Desenvolvimento Social, cortar nenhum benefício de quem tem direito ao Bolsa Família e BPC. Pelo contrário, a ordem do presidente Lula é garantir direito a quem tem direito, quem está fora e na insegurança alimentar e tirar o Brasil do Mapa da Fome e estamos fazendo”, disse.
O próprio presidente Lula também reclamou da necessidade de cortar gastos do governo, mesmo com o rombo de R$ 105 bilhões nas contas públicas deste ano que precisa ser reduzido.
“Eu estou num processo de discussão muito séria, porque eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado”, completou. “Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar”, disse em entrevista à RedeTV.
Ele também sinalizou que gostaria que os parlamentares abrissem mão de parte das emendas para ajudar nas contas do governo. Apenas neste ano, estes recursos chegaram a R$ 49,2 bilhões.
"Se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do Orçamento do governo", emendou na mesma entrevista.
O mercado financeiro prevê um corte mínimo de R$ 50 bilhões, e que pode ajudar a reduzir a inflação em 2025 e melhorar o cenário econômico em 2026.
Haddad já adiantou que os cortes ocorrerão para atender às regras do arcabouço fiscal e podem ocorrer através de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e um Projeto de Lei Complementar (PLP). Depois, disse, caberá a Lula negociar com os presidentes das duas casas do Congresso.
Embora ainda não haja nenhuma proposta oficial, o pacote terá, em linhas gerais, a inclusão das despesas obrigatórias do governo nas regras do arcabouço fiscal, que limita a expansão dos gastos a 2,5% acima da inflação. Caso ocorra uma alta acima deste patamar, uma alternativa seria acionar gatilhos para travar a despesa obrigatória.
“O que nós estamos levando para o presidente é consistente com a tese que nós estamos defendendo, de reforçar o arcabouço fiscal”, declarou o ministro ao ressaltar que apresentou a situação fiscal do país aos outros ministros nas reuniões que foram realizadas nesta semana.
Há, ainda, a expectativa de que o pente-fino nos benefícios sociais -- como o BPC -- seja intensificado e com regras mais apertadas, como a proibição de acúmulo e a necessidade de se fazer a prova de vida anualmente.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF