O segundo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP28 em Dubai, na manhã desta sexta (1º), reforçou a necessidade dos países traçarem metas mais ambiciosas e ousadas para conter as mudanças climáticas do mundo. Lula, no entanto, deixou de lado qualquer menção ao contínuo uso do petróleo e combustíveis fósseis, principalmente após o Brasil ter sido convidado para participar da OPEP+, a organização dos países exportadores de petróleo.
Lula afirmou na plenária ampliada da conferência que o mundo vive um “problema coletivo de inação” e de “falta de ambição” com a implantação das metas acordadas em acordos com o de Kyoto e o de Paris, citados em outro discurso mais cedo, e ressaltou que as chamadas NDCs, que são as metas em si, “não estão cumprindo os objetivos”.
Ele ressaltou que, embora haja a preocupação mundial de que o desmatamento das florestas tropicais – em especial da Amazônia – esteja entre as causas do aquecimento global, ela não é a única. “Responde por 10% das emissões globais”, afirmou Lula, que ressaltou pouco depois que os setores de energia, indústria e de transportes “emitem muito mais”.
Apesar de citar estes setores como os que mais emitem gases de efeito estufa, e que utilizam muito dos combustíveis fósseis produzidos pelo mundo, Lula não citou o contínuo uso, exploração e aumento da produção de petróleo, como o pretendido pelo Brasil com a perfuração de poços na Margem Equatorial, e o convite para ingressar na organização conhecida por fazer uma espécie de “cartel” para definir o preço do óleo no mercado internacional.
“Nossa NDC é mais ambiciosa do que de muitos países que poluem a atmosfera desde a Revolução Industrial do século 19”, disse Lula citando que o Brasil revisou as suas metas para zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 e atingir a neutralidade climática até 2050.
Também afirmou que o Brasil está propondo “a missão 1,5”, “uma missão coletiva que vai nos manter na trilha do 1,5 grau”. “Nos [próximos] dois anos, até a COP30 [em Belém, PA], será necessário redobrar os esforços para implementar as NDCs que assumimos. E, em Belém, precisamos anunciar NDCs mais ousadas e garantir os meios de implementação para concretizá-las”, completou.
Entre estes meios, que Lula cita constantemente em discursos e reafirmou durante o giro que está fazendo pelo Oriente Médio, está a criação de uma “governança global” para assuntos climáticos, para que os acordos sejam mais rapidamente cumpridos pelos países signatários sem a necessidade de tramitar nos legislativos locais.
Recursos para países em desenvolvimento
Ainda durante o discurso na plenária ampliada da COP28, Lula voltou a criticar a falta de cumprimento da promessa de países ricos de destinarem US$ 100 bilhões anualmente aos países em desenvolvimento para cumprirem as metas locais de redução das emissões e de combate às mudanças climáticas.
“Os mais vulneráveis não podem ter que escolher entre combater as mudanças no clima e combate à pobreza. Terão que fazer ambos. [...] É inaceitável que a promessa dos US$ 100 bilhões por ano assumida pelos países desenvolvidos não saia do papel, enquanto que, só em 2021, os gastos militares chegaram a US$ 2,2 trilhões”, disparou.
Por outro lado, países como os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos, além da União Europeia, entre outros doadores, anunciaram a criação de um “Fundo de Perdas e Danos” no valor de US$ 420 milhões, logo no começo da COP28.
“Os países em desenvolvimento requerem incentivos positivos para promover medidas e ações climáticas alinhadas às suas prioridades do seu desenvolvimento”, completou.
Além da crítica à falta de investimentos, Lula voltou a ressaltar que as mudanças climáticas já estão sendo sentidas no Brasil, como a seca na Amazônia neste ano, e que, se os demais países do mundo não se comprometerem, as metas do Acordo de Paris não serão suficientes para conter o processo de “savanização” da floresta.
Ainda nesta sexta (1º), Lula terá reuniões multilaterais com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; com o presidente de Israel, Isaac Herzog; com o secretário-geral da ONY, António Guterres; com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez; com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali; e com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, durante um jantar oferecido por ele e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para consumar golpe de Estado, diz PF
Governadores do Sul e Sudeste apostam contra PEC de Lula para segurança ao formalizar Cosud
Congresso segue com o poder nas emendas parlamentares; ouça o podcast
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF