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Lula
Presidente diz que Bolsonaro fala “asneira”, “bobagens” e “fake news”, e prevê uma polarização ainda maior nas eleições municipais deste ano.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta terça (30) uma fala de Jair Bolsonaro (PL) no último domingo em uma live que o acusou de perseguição por conta das operações da Polícia Federal contra aliados, como Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), nas últimas duas semanas.

Os dois aliados do ex-presidente são pré-candidatos às prefeituras de Niterói (RJ) e Rio de Janeiro (RJ), respectivamente, e se tornaram alvos da PF em investigações que apuram suposta ligação com os atos de 8 de janeiro de 2023 e com a suspeita de um esquema ilegal de espionagem de autoridades montado dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Bolsonaro e aliados têm acusado Lula de fazer uma perseguição ao ex-presidente e pessoas ligadas a ele para desestabilizar principalmente os que irão disputar prefeituras nas eleições deste ano. O petista negou que tenha qualquer tipo de ligação com as investigações tocadas pela Polícia Federal.

“Ele falou uma grande asneira, o governo não manda na Polícia Federal e na Justiça. Você tem um processo de investigação, tem decisão de um ministro da Suprema Corte que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má fé pela Abin, dos quais o delegado que era responsável era ligado à família Bolsonaro, e a PF foi cumprir um mandato da Justiça. Eu não vejo nenhum problema anormal se é uma decisão judicial”, disse Lula em entrevista à rádio CBN Recife.

Além de classificar as falas de Bolsonaro como “asneira”, Lula também disse que o ex-presidente “não sabe fazer política de forma civilizada”, que ele “é um estimulador do ódio e da mentira”, e que “vive contando mentira através das fake news 24 horas por dia”.

“Não há uma coisa que tenha substância no que ele fala, é sempre bobagem, desaforo e ofensa. Quem tem responsabilidade não pode entrar nesse jogo”, atacou Lula.

Lula afirmou que o “cidadão” – em referência ao ex-presidente – ainda “tentou mandar na Polícia Federal, trocava superintendente ao bem prazer sem nenhum respeito do que pensava o próprio diretor geral e o ministro da Justiça”, então com o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) no comando.

A crítica ocorreu em relação à reunião ministerial de 2020 em que Bolsonaro reclamou que não tinha acesso a informações sensíveis de segurança contra seus amigos e familiares e que poderia trocar quem precisasse nas estruturas da PF e do Ministério da Justiça se fosse preciso.

Ainda segundo o presidente, a PF tem o dever de pensar como polícia de investigação e de combate à criminalidade sem “exorbitar” e “sem fazer pirotécnica”. Um recado semelhante foi dado ao Ministério Público Federal (MPF) no final do ano passado durante a posse do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.

O pedido também foi uma referência ao passado, da época em que procuradores da Operação Lava Jato vinham a público dar declarações sobre investigados – que acabou levando-o à cadeia em 2018.

“Eu espero que as pessoas que estão sendo investigadas tenham a presunção da inocência que eu não tive. As pessoas que não devem não temem”, afirmou.

Polarização vai continuar nas eleições, diz

Ainda em referência à disputa eleitoral deste ano, Lula afirmou que espera que as eleições municipais deste ano tenham um ritmo de polarização ainda maior do que ocorreu na corrida presidencial de 2022, em que o país se dividiu entre os apoiadores dele e do ex-presidente, e que terminou com a eleição do petista com uma diferença de apenas 2,1 milhões de votos – ou 1,8% do total, em segundo turno.

Para Lula, a polarização se dará em todo o país mais fortemente nas capitais, onde a disputa será entre “o candidato que é bolsonarista e o candidato que não é bolsonarista”. “Em São Paulo será muito visível isso”, ressaltou.

“A polarização sempre vai existir, não tem jeito. E eu acho bom que tenha polarização, nós somos uma sociedade viva”, disse Lula.

Ele ainda fez um panorama da disputa em São Paulo, que deve ser o auge da corrida eleitoral brasileira em que o PT não terá um candidato próprio pela primeira vez na história do partido. A legenda vai apoiar Guilherme Boulos (PSOL) na cabeça de chapa com a ex-prefeita Marta Suplicy (que voltará ao PT em fevereiro) na vice.

Ele afirmou, ainda, que não vai trabalhar para desidratar a candidatura de Tabata Amaral (PSB-SP), que é do mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), como se chegou a circular nos bastidores.

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