Lula inaugurou uma planta da Embraer no ano passado para finalizar a produção dos caças Gripen, parte do acordo de transferência de tecnologia com a sueca Saab.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o governo dos Estados Unidos pelo pedido de informações feito à frabricante sueca de aviões Saab sobre a venda de 36 caças militares Gripen ao Brasil. O contrato foi fechado em 2014 durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) por US$ 4,5 bilhões.

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A compra dos caças chegou a ser alvo de uma investigação da Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência envolvendo ele e um dos filhos, Luís Cláudio, em um dos desdobramentos da Operação Zelotes. A ação penal, no entanto, foi trancada pelo então ministro do STF, Ricardo Lewandowski – hoje da Justiça e Segurança Pública.

“É um avião de um conjunto de países, é um sueco que tem participação da Inglaterra e de vários outros países. E eu sinceramente acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão em uma coisa de outro país, é descabida essa informação”, disse Lula em entrevista à rádio O Povo/CBN de Fortaleza nesta sexta (11), onde cumpre agenda ao longo do dia (veja na íntegra).

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Lula disse que não tem conhecimento de como foi a compra dos aviões durante o governo Dilma, mas que era um modelo mais econômico, mais barato e com manutenção mais em conta.

A Saab confirmou o pedido de informações feito pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos na quinta (10), mas sem especificar quais dados foram solicitados e disse que “pretende cumprir e cooperar” com o órgão.

“Autoridades brasileiras e suecas já investigaram partes do processo de aquisição de caças brasileiros. Essas investigações foram encerradas sem indicar nenhuma irregularidade por parte da Saab”, disse a empresa em um comunicado.

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Intromissão dos EUA não é nova, diz

O presidente ainda afirmou, durante a entrevista, que a “intromissão” dos norte-americanos ocorreu também durante o segundo mandato dele quando sinalizou a possibilidade de comprar os caças Rafale da francesa Dassault Aviation. A compra não avançou por conta do fim do mandato em 2009, mas que “os americanos não gostaram quando eu disse que ia comprar”.

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“Eles queriam que comprasse o avião deles. E certamente não gostaram quando a Dilma disse que ia comprar o sueco”, completou. Na época, a norte-americana Boeing disputava a licitação do governo com caças modelo F-18 Super Hornet.

Ao trancar a ação penal no STF, Lewandowski afirmou que a compra dos caças da Saab “ocorreu, rigorosamente, dentro dos parâmetros constitucionais de legalidade, legitimidade e economicidade”.

O contrato para a compra dos caças da Saab inclui, ainda, a transferência de tecnologia permitindo que o Brasil tenha licença para a fabricação da aeronave. Quase a metade dos jatos encomendados será finalizada na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP), inaugurada em maio de 2023, onde um modelo de teste do Gripen vem sendo testado desde 2020.

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