O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou, na manhã desta sexta (1º), a artilharia contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta da taxa básica de juros – que está em 13,25% e vem sendo alvo constante de críticas do petista e de aliados desde o começo do ano.
A retomada da pressão sobre a autoridade monetária ocorreu durante um evento realizado em Fortaleza em alusão a programas de microcrédito urbano e rural implantados pelo Banco do Nordeste (BNB). Lula criticou a política monetária de Campos Neto ao afirmar que os bancos públicos brasileiros precisam disponibilizar mais dinheiro para investimentos em desenvolvimento industrial, transição energética, entre outros, com juros mais baratos.
“O cidadão do Banco Central precisa saber que é presidente do BC do Brasil e que, por isso, precisa baixar os juros. Como é que o empresário vai investir se vai pegar uma taxa de juros alta? Por isso vamos continuar brigando”, disse.
Lula ressaltou que Campos Neto foi indicado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que não conversa com ele. “Esse cidadão, se conversa com alguém, não é comigo. Deve conversar com quem o indicou e que não fez coisas boas para o país”, disse o presidente criticando também a autonomia do Banco Central, de que não pode chamá-lo a prestar esclarecimentos sobre a política monetária adotada.
O presidente criticou também as operadoras de cartões de crédito por conta dos “400% de juros” do rotativo. No mês de julho, a taxa chegou a 445,7% ao ano. “Porque os bancos, já prevendo que vão ter calote, jogam nas costas dos bons pagadores a dívida dos bons caloteiros. Nós pagamos por aqueles que não pagam”, afirmou ressaltando que os bancos deveriam dar um “voto de confiança” ao povo pobre, que “não gosta de dever”.
Ele disse, ainda, que vai aumentar o aporte de dinheiro nos bancos públicos para aumentar a capacidade de concessão de empréstimos, e que pretende tomar medidas para baixar os juros cobrados pelas instituições.
“O juro ainda está alto, porque 2,16% ao mês é muita coisa, dá quase 30% ao ano, que é juro sobre juro. Acho que vamos baixar ainda. Obviamente que não queremos quebrar o banco, porque tem que dar lucro, porque senão vai dar muito trabalho para nós. Além de ficar devendo, não teremos o banco pra emprestar”, afirmou.
Lula participou de um evento sobre dois programas de microcrédito urbano e rural implantados pelo Banco do Nordeste (BNB), o Crediamigo e o Agroamigo. O primeiro existe há 25 anos e atende a cerca de dois milhões de pessoas com uma carteira ativa próximo a R$ 5 bilhões.
Já o segundo foi implantado há 18 anos para ajudar em ações de desenvolvimento da agricultura familiar com a concessão de microcrédito rural, produtivo, orientado e acompanhado. O programa atende 1,3 milhão de produtores conta com uma carteira ativa de R$ 6,6 bilhões.
Além do evento da instituição bancária, a agenda de Lula no Nordeste inclui, nesta sexta (1º), a visita a um trecho das obras de transposição do rio São Francisco que será entregue em 2025. A “vistoria” será feita com o ministro Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, no ramal do Apodi, na cidade de Luís Gomes (RN), que começou a ser construído há dois anos e está com 27% de execução.
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