
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou nesta segunda (17) as críticas às medidas determinadas pelo homólogo americano Donald Trump afirmando que ele está indo contra as ideias e acordos firmados no passado pelos Estados Unidos, e que o Brasil não aceitará desaforos de decisões que afetem o país.
As críticas foram feitas durante um evento da Petrobras no Rio de Janeiro para anunciar investimentos na indústria naval brasileira, em que atacou a Operação Lava Jato e voltou a pressionar o Ibama para liberar o licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na costa do Amapá.
“O Brasil é um país de paz, não temos divergência com nenhum país. Não vamos aceitar nenhum desaforo. É verdade que os Estados Unidos são dos americanos, [...] Mas, é verdade que o Brasil é do povo brasileiro e eles [Estados Unidos] têm que respeitar as coisas que fazemos aqui dentro, somos brasileiros e não desistimos nunca”, disse o presidente.
Lula afirmou, ainda, que os Estados Unidos se apresentaram ao mundo como um pilar da democracia e do livre mercado principalmente após a Segunda Guerra Mundial, espalhando bases militares e porta-aviões pelo mundo, além de ter se aberto a estrangeiros – principalmente latino-americanos – para trabalharem em empregos que os americanos não queriam.
“E fico pensando: cadê a democracia, o respeito ao livre trânsito do ser humano se tem livre transito de capital? E aí começa a ameaçar o mundo, todo dia tem coisa”, disse questionando as medidas de Trump de protecionismo à indústria americana e à política de deportação de imigrantes.
As críticas ocorrem após Trump assinar uma ordem executiva impondo uma taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio do Brasil, em que Lula fala frequentemente em adotar a reciprocidade enquanto que seus ministros preferem a cautela e aguardar como a medida será efetivamente implantada.
Na semana passada, em uma entrevista a uma rádio do Pará, Lula afirmou que “não tem relacionamento” e ainda não conversou com Trump, mas que espera uma relação sem sobressaltos com os Estados Unidos por conta dos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
“Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”, afirmou naquele dia.